O trabalho que abriu os olhos de Malu Mader sobre o feminismo
Nova série nacional do Star+, 'Não Foi Minha Culpa' mostra as diversas faces das agressões sofridas pelas mulheres na sociedade
Afastada da TV desde 2018, quando fez participações em novelas da Globo como Malhação e Tempo de Amar, Malu Mader integra o numeroso elenco de Não Foi Minha Culpa, série do Star+ que aborda de forma incisiva diversas formas de violência contra a mulher, incluindo o feminicídio. A produção do serviço de streaming do grupo Disney faz parte de uma franquia que inclui outras duas versões homônimas, sendo uma produzida no México (lançada em 2021) e outra na Colômbia, disponibilizada na plataforma simultaneamente à brasileira nesta quarta-feira, 10.
Inspirada em fatos reais que aconteceram no Brasil, a série de dez capítulos conta um drama diferente em cada episódio, e Malu participa de dois deles como uma procuradora que atua em um caso sobre uma jovem trans assassinada por dois “garotos” ricos de 20 e poucos anos, e no de uma senhora que é agredida pelo próprio filho. O papel representa o primeiro trabalho da artista desde o início da pandemia da Covid-19 e, em conversa com VEJA, ela conta que mudou sua perspectiva sobre o feminismo com a série.
“Eu fiquei muito comovida logo que li os episódios, mexida mesmo, porque a gente vem ouvindo muito sobre os movimentos feministas e eu mesma já pensei ‘poxa, agora foi muito radical’ sobre essa cultura de ‘cancelar’ todo mundo, de ficar patrulhando. Mas quando você vê essas histórias, percebe como esses movimentos são importantes, como a gente precisava disso”, avalia Malu. “Tem que ser radical mesmo, porque a violência é muito absurda e vem de muito tempo. Normalmente violência vem do marido, do ex-namorado, namorado, pai, filho… Por que gente vem aguentando isso há tanto tempo?”, questiona.
Com um tema amplamente explorado em obras da ficção, como a americana Law & Order: Special Victms Unit, Não Foi Minha Culpa narra dramas envolventes, mas indigestos, com mulheres enfrentando as formas mais perversas da violência nas mãos de homens. A intenção das roteiristas Juliana Rosenthal e Michelle Ferreira e da diretora Suzana Lira é jogar luz sobre a necessidade de se falar a respeito do tema, mas também ressaltar quem eram aquelas vítimas além da tragédia, como eram suas redes de apoio e como chegaram até aquele ponto. Com exceção da importância da discussão sobre violência no Brasil, a produção é interessante do ponto de vista de utilidade pública, mas a forma como é executada é incômoda por sua superficialidade ao tratar do assunto. Resta saber se há apelo o suficiente para conquistar um número razoável de telespectadores.