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O tiro no pé da família Senna com a minissérie da Netflix

Produção que dramatiza a vida do tricampeão da F1 tem muitos méritos, mas acabou ofuscada por uma escolha polêmica da produção

Por Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 dez 2024, 22h44 - Publicado em 5 dez 2024, 17h20

Ayrton Senna é um dos maiores ídolos do automobilismo mundial. Protagonista de corridas icônicas, como a vitória com o câmbio travado na sexta marcha no GP do Brasil, em 1991, e de exibições quase lendárias na chuva, o tricampeão da Fórmula 1 que foi aclamado rei de Mônaco é venerado até hoje por fãs e pilotos da nova geração pelo estilo implacável nas pistas. Apesar disso, seus feitos acabaram ofuscados por uma escolha infeliz da família Senna, que supervisionou a produção, e da Netflix: reduzir drasticamente a participação de Adriane Galisteu na minissérie Senna, lançada na última sexta-feira, 29, na plataforma.

Como dito pela própria Galisteu, que namorou o piloto em seu último ano de vida, Senna é muito maior do que o relacionamento dos dois — ou do que qualquer outra relação amorosa que ele tenha tido. Mas reduzir a participação da “viúva” a meros dois minutos e meio em uma produção que dedica um episódio inteiro a Xuxa, que namorou Senna entre 1988 e 1990, revelou-se um tiro no pé: nas redes sociais, a maior parte das discussões sobre a minissérie gira em torno da representação discrepante entre as duas apresentadoras.

Reviveu-se, também, cenas de Galisteu no velório do piloto e diversos relatos, inclusive de então amigos de Senna, que atestam que Galisteu, apesar da antipatia pública da família de Senna, era mais do que é mostrado. Em um desabafo nas redes sociais, ela ainda declarou que, dessa vez, está considerando contar como foi o seu período ao lado de Ayrton. Na ânsia de tratar Galisteu como apenas mais uma namorada, portanto, a trama criou uma situação em que se fala apenas dela, ofuscando o próprio piloto — que é um dos maiores ídolos do esporte brasileiro e que não só deveria, como merecia, ser o verdadeiro tópico.

Uma saída fácil, e que teria evitado a celeuma sem contrariar a família, seria focar a minissérie ainda mais na carreira de Senna e nas nuances do automobilista — que, apesar de ídolo, também tinha suas controvérsias. Material, com certeza, não falta. Sem destaque para nenhum relacionamento, os protestos teriam menos combustível para queimar, e abriria espaço para momentos marcantes que ficaram de fora da produção. Por falta de títulos, tempo reduzido ou pela presença constante de Galisteu — todas as opções são possíveis — os anos de 1992 e 1993 quase não são retratados na minissérie, que pula de 1991 para o fatídico e fatal GP de San Marino de 1994.

O período cortado, no entanto, não passou em branco para Senna: foi em 1992, por exemplo, que o já tricampeão parou o carro no meio da pista e correu para ajudar Érik Comas. O francês atribui sua sobrevivência ao brasileiro, já que o carro poderia ter explodido sem a sua intervenção. O ano que Senna e Galisteu se conheceram também foi importante para Ayrton: a temporada de 1993 é, por muitos, considerada uma das melhores dele na Fórmula 1, já que o piloto conquistou vitórias expressivas mesmo sem um carro digno de título.

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Maior produção já feita pela Netflix brasileira, Senna é certeira ao reconstituir com precisão corridas emocionantes, carros históricos e personagens que marcaram época — história que, apesar de passados mais de 30 anos, segue narrada para as novas gerações. Mais do que isso, consegue reviver, com muita tecnologia, investimento pesado e conhecimento cinematográfico, uma época em que o Brasil, recém-saído da Ditadura Militar e em meio à hiperinflação, via na bandeira verde e amarela empunhada pelo piloto um símbolo de união e vitória nacional — coisa que não se vê por aqui há um bom tempo, e que dificilmente se repetirá com a mesma magnitude. Uma pena, portanto, que a trama acabe ofuscada e manchada por escolhas infladas, ao que tudo indica, por mágoas e implicâncias do passado.

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