O duro desabafo de Taís Araujo sobre Helena fracassada de Manoel Carlos
Atriz participa do documentário 'Tributo - Manoel Carlos', da Globo, e lembra experiência com protagonista de 'Viver a Vida'
Lançado recentemente no Globoplay, o documentário Tributo – Manoel Carlos faz uma homenagem ao escritor de novelas de sucesso da Globo, com depoimentos de vários atores que estrelaram suas obras. Taís Araujo, intérprete de uma das famosas Helenas — figura marcante nos folhetins do escritor –, relembrou a experiência tensa que viveu ao protagonizar Viver a Vida (2009). A mocinha e modelo profissional — tachada de chata e arrogante — não foi aceita muito bem pelo público da emissora, muito menos pela crítica da época, e ainda acabou ofuscada pelo drama de Luciana (Alinne Moraes), que fica tetraplégica em um acidente e vive uma grande história de amor com Miguel (Mateus Solano).
“Eu precisava fazer uma Helena que competisse com a jovem tetraplégica. Eu não queria fazer uma mulher de 50 anos, tinha que fazer uma mulher mais jovem como a Alinne Moraes. Então, eu escolhi a Taís”, explica o próprio Manoel Carlos sobre a decisão de escalar a atriz. “A expectativa estava lá no alto, porque era uma protagonista de novela das 21h, do Manoel Carlos. Era difícil aceitar uma negra bem posicionada sem justificar o porquê ela tava ali, qual era a corrente que ela teria arrastado até ali para poder fazer parte daquele lugar. Eu recebi uma enxurrada de críticas de todos os lugares e lados. Aquilo bateu diretamente em mim”, desabafa Taís na produção.
A novela foi dirigida por Jayme Monjardin, e a atriz assume a culpa em conjunto com todos os envolvidos em Viver a Vida. “Hoje em dia eu consigo ver com distanciamento todos os possíveis erros nossos, meu, do Maneco, do Jayme, da Globo. Ou o que eu chamo de ingenuidade, de achar que o Brasil não era o Brasil que se apresenta hoje. Na época era um Brasil que a gente acreditava muito que éramos todos iguais, que éramos todos vistos da mesma maneira, que o que estava escrito na Constituição vali na rua. Quando, na verdade, não”, diz a intérprete.
Na história de Maneco, Luciana é filha de Tereza (Lilia Cabral), personagem que era ex-mulher de Marcos (José Mayer), com quem Helena se envolvia no começo da trama, gerando o atrito inicial entre ela e Luciana, também modelo e sua rival nas passarelas. “Eu sempre falo que dessa novela quem tinha mais característica de Helena era a Lilia Cabral, que, por ter feito tantas novelas do Manoel Carlos merecia ter feito aquela Helena. A questão familiar era uma redenção entre aquela mãe e aquela filha. Eu sempre tenho a sensação de que aquela Helena era pra ter sido da Lilia”, reconhece Taís Araujo no documentário.
Em seguida, a produção mostra a justificativa do autor de nunca ter escalado Lilia Cabral para interpretar uma Helena, e sim suas antagonistas inesquecíveis, como a Tereza e Marta, de Páginas da Vida (2006), contraposição daquela Helena (Regina Duarte).
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