O bizarro reality japonês que “abandona” crianças pelas ruas
Disponível na Netflix, produção impõe aos pequenos tarefas "de gente grande" para serem feitas sozinhas, sem a supervisão de um adulto
Um garotinho de 2 anos sai de casa e atravessa uma avenida movimentada para comprar flores e curry para a mãe. O trajeto até o mercado tem pouco mais de 1 quilômetro, e leva 23 minutos para ser feito por ele sozinho, sem a supervisão de um adulto. A cena deixa de cabelo em pé aqueles acostumados a lidar com a imprevisibilidade das crianças, sentimento que repete em outros episódios de Crescidinhos, reality show japonês lançado na Netflix no início do mês.
Transmitido no Japão há mais de 30 anos, a produção é um sucesso regional, que agora ganha o mundo através do streaming. A premissa é um misto de fofura e medo: crianças entre 2 e 6 anos são selecionadas pela equipe para participar da atração, e recebem dos pais tarefas de gente grande para serem feitas sozinhas. O trabalho varia de ir às compras no supermercado, pegar transporte público e atravessar o pomar da família para fazer suco, tudo narrado em tom de humor por adultos que acompanham a aventura dos pequenos de longe.
Ver crianças tão pequenas sozinhas pelas ruas é, de fato, assustador, e gera estranheza no espectador. Para colocar a tarefa em prática, porém, há uma grande estrutura por trás. Antes de lançar os pequenos no mundo, todas as rotas são inspecionadas pelos pais e pela produção, as crianças são escolhidas após um árduo processo de seleção e a equipe de filmagem e de segurança recebem esconderijos para fiscalizar os pequenos sem serem vistos. Os vizinhos também são avisados previamente, para não surtar ao ver crianças tão pequenas pelas ruas.
Até então, o programa tem uma temporada disponível na Netflix. No total, são 20 episódios curtos, que variam entre 10 e 20 minutos de duração, e assistir a atração é uma aventura por si só. Encarregados de tarefas grandiosas para a idade, alguns dos pequenos acabam acuados pela ideia. Muitos deles, porém, se sentem confiantes de despenharem tarefas “de gente grande” sem ajuda, e emocionam os pais.