‘Mulher-Hulk’: heroína feminista da Marvel usa humor para detonar machismo
Série que estreou no Disney+ nesta quinta-feira, 18, apresenta luta de Jennifer Walters (Tatiana Maslany) para se impor como mulher, advogada e justiceira
Em um acidente de carro, Bruce Banner (Mark Ruffalo) acaba infectando, sem querer, Jennifer Walters (Tatiana Maslany) com os raios gama de seu sangue. Com isso, a prima do Incrível Hulk – que agora se autodenomina Esperto Hulk– também se torna uma “Hulka”, precisando aprender a lidar com os males e benefícios de ser uma heroína cujo superpoder é se tornar uma gigante verde extremamente forte quando sente muita raiva. Com levada de comédia, um tanto do expediente de quebra da quarta parede tão popularizado por Fleabag e boas doses de feminismo, a história de Mulher-Hulk, nova série do Disney+ que estreou nesta quinta-feira, 18, introduz os fãs da Marvel a uma nova faceta do universo de heróis dos quadrinhos criados por Stan Lee. É a saga de uma advogada que precisa administrar seus novos poderes, a carreira de sucesso nos tribunais e todas as complicações que envolvem ser uma mulher poderosa na sociedade. E, sim, os efeitos visuais tenebrosos da produção melhoraram do primeiro teaser até o lançamento.
Em maio deste ano, durante a primeira parte da divulgação de Mulher-Hulk, o estúdio da Disney virou alvo de piadas e críticas por causa dos efeitos visuais “pobres” do primeiro teaser. A personagem se parecia mais com o ogro Shrek do que como uma heroína da Marvel. Mas os profissionais aparentemente correram bastante para melhorar esse aspecto e o resultado é visualmente satisfatório, com traços maisaceitáveis quando Jennifer está transformada na heroína esverdeada. Mas, para além dos aspectos técnicos, a história ganha o público mesmo é com seu enredo.
Assim como acontece com Hulk, a transformação da Mulher-Hulk é acionada quando ela sente uma emoção muito forte, principalmente, a raiva. Bruce, então, se dispõe a ensinar à prima como administrar suas emoções – até levar uma invertida da protagonista durante uma aula de meditação. “Eu sou ótima em controlar a minha raiva, eu faço isso o tempo todo. Quando assoviam para mim na rua, quando um homem incompetente explica a minha própria especialidade para mim. Eu controlo basicamente todos os dias porque, se eu não controlar, posso ser chamada de emotiva, difícil, ou posso até, literalmente, ser morta. Então, eu controlo melhor a minha raiva porque faço isso infinitamente mais que você”, resume Jennifer. Ao longo da história, a protagonista interpretada por Tatiana Maslany – famosa pelos doze papéis de clones em Orphan Black – quebra a quarta parede falando com o telespectador para explicar o que está pensando de forma sutil e com tiradas cômicas.
Mulher-Hulk cumpre mais uma vez o papel de trazer mais diversidade ao MCU (Universo Cinematográfico Marvel, em português), que vem lançando obras mais representativas como Shang-Chi e Ms. Marvel. Agora, com um pano de fundo feminista e debochado, que proporciona ao espectador pitadas certas e quase espontâneas de comédia. Apesar dos constantes conflitos de identidade, Jennifer não se leva tão a sério, assim como a série, que se apoia no humor para discutir coisas tão importantes quanto assédio/violência contra mulheres e o machismo implícito na sociedade. Sendo assim, mesmo com a temática de super-heróis, a produção passa longe de ser uma obra direcionada somente a crianças e chega a ser conscientizadora sobre o papel da mulher na sociedade. Que Hollywood faça cada vez mais isso, porque acompanhar é reconfortante e necessário.