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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

Filme Amores Materialistas ilumina filão de triângulos amorosos sem vilões

Novos filmes retratam os trios com curiosa transparência: além da paixão, dinheiro e identidade pesam nas escolhas

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 ago 2025, 08h00

Pragmática, Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira moderna que conseguiu juntar nove casais fazendo contas matemáticas: para unir dois indivíduos compatíveis, é necessário que eles combinem em interesses pessoais, aparência e, mais importante, salários e a classe social. Preencher os quesitos ideais — e inegociáveis — é uma regra aplicada na vida pela própria protagonista da comédia romântica Amores Materialistas (Materialists, Estados Unidos, 2025), já em cartaz no país. Ela ganha 80 000 dólares por ano, mora sozinha em Nova York, está em forma e, aos 30 e poucos anos, sabe o que quer: um marido rico, alto e minimamente interessante. Tudo isso se encaixa quando Lucy conhece o charmosíssimo e podre de rico Harry (Pedro Pascal), dono de uma cobertura de 12 milhões de dólares, em um dos casamentos em que ela fora a “cupida” dos noivos. O primeiro contato com o bonitão só não representa o início típico de um conto de fadas porque, coincidentemente, um dos garçons da festa é John (Chris Evans), o ex-namorado aspirante a ator e falido, por quem ela ainda nutre uma conexão emocional que vai contra seus princípios materialistas. “Virou tabu admitir o quanto dinheiro e riqueza se tornaram um item tão importante para o coração”, disse a VEJA a diretora do filme, a sul-­coreana-canadense Celine Song.

O dilema de Lucy, em Amores Materialistas, segue uma linha parecida com a do drama romântico potente Vidas Passadas, indicado ao Oscar de melhor filme em 2024 — assinado também por Celine —, e ainda de Rivais, de Luca Guadagnino, que reciclam o velho clichê do triângulo amoroso, adicionando um toque de honestidade ao filão. Se antes a mocinha tinha uma escolha óbvia sobre com quem deveria terminar, agora ela pondera com racionalidade e põe na balança temas como dinheiro, poder e até pertencimento. Para o público atual, não é tão fácil torcer por um casal do trio, porque as tramas já nem contam com um vilão explícito — ou são todos vítimas das circunstâncias da vida, ou sabotadores das próprias decisões, acrescentando um realismo providencial e familiar às narrativas.

DISPUTA Cena de 'Rivais': competição nas quadras e nos lençóis
DISPUTA Cena de ‘Rivais’: competição nas quadras e nos lençóis (./Disney+)

Em Vidas Passadas, Nora (Greta Lee) teve de se separar do namoradinho da infância, Hae Sung (Teo Yoo), ao se mudar com a família da Coreia do Sul para o Canadá. Adulta, ela se instalou em Nova York e se casou com Arthur (John Magaro), mas volta a questões do passado quando Hae aparece na cidade americana apenas para vê-­la. Nesse romance contemporâneo, nenhum dos dois disputa o coração de Nora — é ela mesma quem coloca os prós e os contras em perspectiva ao avaliar se mantém seu casamento ou foge com o antigo amor, sendo que a verdadeira escolha não é entre eles, e sim entre as duas versões de si mesma: a sul-coreana e a americana. Já o drama apimentado Rivais até mostra um triângulo amoroso entre Tashi (Zendaya), Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor) no universo do tênis, mas a competição aqui nem é tanto pelo coração da moça, que tem os dois na palma da mão, nem pelo troféu de um torneio: o verdadeiro prêmio aqui é o controle sobre o outro. Curiosa ou sintomaticamente, o roteirista de Rivais é o marido de Celine na vida real, o americano Justin Kuritzkes.

De quebra, os filmes também traduzem, cada um a seu modo, como é difícil se relacionar hoje. Em Amores Materialistas, Lucy, que sempre fez contas básicas e obteve êxito na função de juntar casais, se vê perdida quando uma tragédia atinge uma de suas clientes desesperada para ser amada. Seu pragmatismo, então, fica abalado: não há dinheiro no mundo que conserte certos traumas ou supere sentimentos genuínos. “O amor é uma coisa que o capitalismo não pode tocar porque é de graça, de uma forma antiga e muito sagrada”, diz Song. O coração é mesmo insondável — e, às vezes, não acha que três é demais.

Publicado em VEJA de 1º de agosto de 2025, edição nº 2955

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