Com aborto e seios nus, série da Globo ‘peita’ Brasil bolsonarista
Episódio de 'Segunda Chamada' repercutiu nas redes sociais com cenas da morte de uma grávida e de protesto pela amamentação em lugares públicos
Engana-se quem pensa que as tensões entre a Globo e o bolsonarismo se limitam à reportagem sobre o porteiro que envolveu o presidente no caso Marielle. Está em curso uma guerra cultural muito mais sutil – e interessante – opondo as visões de mundo da emissora e de um governo cujo conservadorismo na seara dos costumes é encarnado por ministros como Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação). A série Segunda Chamada é a nova trincheira dessa guerra.
A internet enlouqueceu nesta terça-feira 5 com o forte conteúdo feminista no mais recente episódio do programa – que aborda as mazelas da educação por meio da rotina dura da professora Lúcia (Deborah Bloch) e seus alunos adultos numa escola pública na periferia de São Paulo.
Uma das subtramas de destaque no episódio foi o trágico destino de Rita, aluna vivida por Nanda Costa. Pobre e mãe de três filhos, a moça se desespera quando busca o médico para fazer uma ligação de trompas – e descobre que está grávida de novo. Rita tenta um aborto clandestino – e morre. Seu drama foi o mote para se falar sobre os direitos reprodutivos da mulher.
A outra passagem que abalou as redes teve como tema o direito da mulher à amamentação dos rebentos. A aluna evangélica Márcia (Sara Antunes), que já havia dado à luz seu filho em plena escola, precisa levar o bebê à sala de aula. Na hora de amamentá-lo, o companheiro se irrita com as reações machistas de outros alunos. Mas Márcia insiste – e as alunas fazem um ruidoso protesto em seu apoio: exibem seus seios com legítimo orgulho feminista diante dos marmanjos. Imagine o susto da ministra Damares ao ver isso.
No momento da exibição, as cenas levaram Segunda Chamada ao topo dos trending topics do Twitter. Confira as reações: