Bella Campos sobre críticas de Vale Tudo: “Focada em quebrar resistências”

Em Vale Tudo, a vilã Maria de Fátima sonha com uma vida de luxo e não tem escrúpulos para atingir seus objetivos. Logo no primeiro capítulo, a jovem vende a casa da família sem sua mãe, Raquel (Taís Araujo), saber e se manda para o Rio de Janeiro, iniciando uma teia de conflitos sobre moral, honestidade e corrupção no remake de Manuela Dias — que adapta a trama originalmente escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Personagem eternizada por Gloria Pires, Maria de Fátima agora é vivida por Bella Campos, que não tem sido poupada de críticas por sua atuação. Porém, a jovem cuiabana de 27 anos se mostra disposta a conquistar o público. Em entrevista a VEJA, a atriz fala do desafio de interpretar uma personagem icônica, do remake e de como lida com os haters.

Confira a entrevista na íntegra:

Na versão original, Odete Roitman e Maria de Fátima se unem por compartilharem de diversas opiniões em comum, entre elas o preconceito racial. No remake, o fato de você ser negra muda a trama nesse sentido? Sem dúvida, mas não afeta em nada a trama. Pelo contrário, a presença de atores e atrizes pretos acrescenta novas camadas e conecta a obra às questões atuais, além de dar mais diversidade, o que é urgente e necessário. Na minha visão, diferentemente do que ocorria na versão original, a Odete Roitman poderá instrumentalizar Maria de Fátima e se utilizar do fato de ela ser preta para se beneficiar.

A Maria de Fátima é o centro que move a trama de Vale Tudo. Como tem feito para dar conta de tanta intensidade? A Maria de Fátima realmente é uma personagem muito intensa, e estar no centro de tantas tramas exige muito foco e preparação. Tenho me dedicado bastante ao estudo da personagem, entendendo suas motivações e contradições. Além disso, conto com uma equipe incrível, tanto de direção quanto de elenco, o que torna esse processo colaborativo. Fora de cena, mantenho uma rotina equilibrada, com momentos de autocuidado e atividades que me ajudam a recarregar as energias, como meditação e exercícios físicos. Assim, consigo me manter centrada para entregar o melhor de mim em cada cena.

Como lida com as críticas em relação à sua atuação nas chamadas da novela? Eu lido com naturalidade e respeito, embora quase não tenha tido tempo para tomar pé dos comentários negativos. Tenho me dedicado incansavelmente para dar vida a uma Maria de Fátima autêntica e conectada com o nosso tempo. É o único jeito que conheço para conquistar o público. Estou acostumada a quebrar resistências com a força do meu trabalho desde os primeiros passos da minha carreira, sigo focada em fazer isso de novo.

Vale Tudo de 1988 foi uma novela sobre corrupção e abismo social. O que o Brasil atual adiciona a essa trama? Assim como o racismo e o machismo, temas como corrupção, opressão de classes e práticas imorais persistem no Brasil. Prova disso é o quanto Vale Tudo continua sendo um retrato fiel da nossa sociedade 37 anos depois. Sem dúvida, evoluímos de lá para cá, mas numa velocidade que não atende a urgência dessas questões. Espero que a novela possa contribuir para o debate desses temas.

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