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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

A sacada emblemática que une as séries Pablo e Luisão e Too Much

Baseadas nas histórias reais de seus protagonistas, elas radicalizam um filão irresistível: o humor autoficcional

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 jul 2025, 08h00

Um belo dia, Pablo (Otavio Muller) e Luisão (Ailton Graça) tiveram o que parecia ser uma ótima ideia: e se Luisão alugasse a casa onde morava com a esposa, Conceição (Dira Paes), e os dois filhos, Paulo e Neto, e mudasse com todos para uma sala comercial com aluguel mais barato? O problema é que o local tinha tantas falhas que se assemelhava à moradia descrita no poema A Casa, de Vinicius de Moraes: não tinha quartos, nem cozinha, muito menos quintal, e também lhe faltavam cortinas para tampar a vitrine. O banheiro? Era químico e ficava em uma viela ao lado de um boteco. Na série Pablo e Luisão, que se tornou um hit no Globoplay e na TV aberta — o primeiro episódio foi visto por 25 milhões de pessoas na sessão Espiadinha Globoplay, da Globo —, o drama da família do comediante Paulo Vieira durou só alguns meses. Na vida real, porém, tudo isso aconteceu de verdade com o humorista de 32 anos e seus parentes — mas foram quase dois anos morando na bendita sala comercial, dormindo na frente de estranhos e usando o banheiro insalubre. Com o espírito maroto de sitcoms como Todo Mundo Odeia o Chris (2005-2009), sátira da infância de Chris Rock, Pablo e Luisão é o novo expoente de um filão popular, lucrativo e esperto: as produções calcadas no humor autoficcional.

Há um certo momento de alta e revigoramento desse filão. A produção recheada de absurdos inspirados nas aventuras do pai de Vieira é acompanhada pelo lançamento recente de Too Much, comédia da Netflix que segue Jessica (Megan Stalter), jovem moradora de Nova York desajeitada que recebe uma oferta de trabalho em Londres e aproveita a mudança para superar o fora do namorado — que, para piorar, engatou romance com uma influenciadora bonitona (interpretada pela modelo real Emily Ratajkowski). Com toques sarcásticos, exageros e muita comédia, a história é inspirada na vida de Lena Dunham, criadora e diretora do programa, que interpreta um papel secundário na história. Entre 2012 e 2018, Lena namorou o produtor musical Jack Antonoff — que, dois meses após o término, apareceu em público com a modelo alemã Carlotta Kohl. Depois de dois anos do fim da relação com Jack, Lena teve de se mudar para a Inglaterra para dirigir o piloto da série Industry, e foi nas terras inglesas que ela conheceu o marido com quem está até hoje. A trajetória é bem semelhante à da personagem Jess, que se apaixona pelo charmoso Felix (Will Sharpe).

DESAJEITADA - Megan Stalter em Too Much: alter ego da criadora
DESAJEITADA - Megan Stalter em Too Much: alter ego da criadora (Ana Blumenkron/Netflix)

Outros criadores souberam fazer de um limão pessoal uma limonada — como a afiada Phoebe Waller-Bridge, que tenta se adaptar à vida em Londres na ácida Fleabag, (2016-2019), do Prime Video. Com roteiros que vão do constrangimento à ternura, séries como Pablo e Luisão provam que é uma delícia rir de si mesmo. Mais que isso, a tática ganhou utilidade providencial: esse “selo de autenticidade” funciona como vacina contra cobranças a que o humor é submetido na era da correção política. A série da Globo radicaliza nas correspondências com a realidade. Ao final de cada episódio da primeira temporada, Pablo, Luisão e Conceição da vida real dão suas versões das enrascadas em que os dois melhores amigos enfiavam a família toda. A comédia da vida privada é irresistível.

Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953

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