Freddie, Bolsonaro e o preconceito contra homossexuais
Os apoiadores mais ferrenhos de Bolsonaro precisam lembrar que homofobia é crime
Assisti ontem ao filme Bohemian Rhapsody, que conta a trajetória da banda de rock Queen e seu líder Freddie Mercury. O compositor e vocalista foi um gênio. Filho de imigrantes, juntou-se a dois músicos em Londres para formar a banda em 1970, aos 24 anos. Meio rock clássico, meio glam, meio sem gênero, é difícil classificar o Queen. Uma coisa é certa: Freddie Mercury foi um dos roqueiros mais influentes de sua geração. Morreu de complicações decorrentes da aids em 1991.
Freddie era homossexual. Por um lado, acho injusto, bobagem, colocar essa característica como uma de suas principais. Ninguém deve ser definido a partir da orientação sexual. Por outro lado, destacar a importância simbólica do vocalista é fundamental para mostrar que gênios não vêm em um só formato.
O filme teve um fim de semana de estreia muito bem-sucedido no Brasil e no mundo. Em alguns lugares, pessoas vaiaram os beijos entre homens. Felizmente não presenciei homofobia em Botafogo, na zona sul carioca.
Do ponto de vista dos costumes, o Brasil parece dividido entre troglodistas criminosos (sim, homofobia é crime!) e pessoas normais. A vitória de Jair Bolsonaro estimulou esse tipo de criminoso a sair do armário. Mas 65% dos cidadãos são favoráveis ao casamento homoafetivo no Brasil. O país é menos conservador do que a escolha por Bolsonaro pode fazer crer. O casamento homoafetivo é garantido no Brasil desde 2013.
Quem é contra direitos iguais para homossexuais terá, a partir do ano que vem, mais parlamentares conservadores para pressionar. Recomendo a eles que assistam o filme e pensem bem antes de fazerem o país retroceder.
Dezenas de milhares de cariocas não cantaram Love of my Life para Freddie Mercury e Brian May em 1985 à toa.
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