Torneio de futsal LGBT combate preconceito no interior do RS
Mais comum em grandes cidades, evento esportivo contra homofobia ocorre em município de 35.000 habitantes
Não é raro ouvir insultos homofóbicos entre torcidas e contra jogadores em partidas de futebol. Os xingamentos, porém, não devem ser escutados durante a 1ª Copa Internacional de Futsal LGBT de Gramado, cidade turísticade 35.000 habitantes, na serra gaúcha. O torneio ocorre neste sábado, 25, reunindo equipes formadas por jogadores homossexuais. As equipes técnicas também contam com atletas heterossexuais.
“A Copa leva essa mensagem de inclusão. O futebol é um meio muito machista e extremamente homofóbico. A gente gosta de futebol. Por isso, ao acompanhar nossos times do coração nos estádios, escutamos gritos ofensivos e pejorativos relacionados à sexualidade. A gente vê vários exemplos nas torcidas brasileiras. A gente tem que debater e combater o preconceito. A gente acha que futebol e que o futsal são para todos, independentemente de ser gay, lésbica, trans ou hétero. Se a pessoa gosta de esporte, ela tem que ter o direito de praticá-lo com liberdade e sem ser reprimida”, disse a VEJA Flavio Prestes, organizador do evento e integrante do time Quero Quero, que será o anfitrião.
O Quero Quero é o primeiro time LGBT da serra gaúcha. Porém, em Porto Alegre, há outros grupos como Magia Sport Club, Maragatos e Pampa Cats, que participarão da competição. A Copa também receberá o time uruguaio Uruguay Celeste Deporte y Diversidad, Sereyos, de Florianópolis, Taboa, de Curitiba, e Diversos, de São Paulo.
Disputas esportivas de times LGBT já ocorrem nas capitais. Neste ano, Porto Alegre sediou o Champions Ligay. Curitiba foi sede da Copa Sul Gay 2018. Por isso, a Copa de Gramado, uma cidade pequena, ajuda a combater o preconceito ao envolver a comunidade local e das cidades vizinhas, defende Prestes.
“No futebol, os jogadores tentam esconder a questão da sexualidade. Se vem à tona, vira piada ou insulto. Desconheço algum atleta ou ex-atleta que assumiu sua sexualidade, mas existem muitos. Eles não assumem por medo de repressão e das reações”, explica Prestes, que já trabalhou com jornalista esportivo.
A Copa deve reunir mais de 500 integrantes da comunidade LGBT em Gramado. Os jogos ocorrem no Ginásio Perinão. O evento também conta com a palestra da advogada especialista em direito homoafetivo Maria Berenice Dias e apresentações de Glória Crystal e Cassandra Calabouço.
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