RS tem mais de 500 mortes em acidentes de trabalho em 2016
Maioria das mortes ocorreu na área rural do Rio Grande do Sul, segundo procurador do Ministério Público do Trabalho
O Rio Grande do Sul registrou mais de 500 mortes por acidente de trabalho em 2016, segundo o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), Rogério Fleischmann. A maior parte dos casos ocorreu na área rural, de acordo com o procurador. “São mortes provocadas desde capotagem de tratores até mesmo por queda de árvores em cima de trabalhadores“, falou Fleischmann.
À VEJA, o procurador explicou que o MPT usa dados também de boletins de ocorrência registrados na polícia e do sistema de saúde para que se possa ter uma dimensão mais exata, incluindo os trabalhadores sem carteira assinada, por exemplo. “Os trabalhadores que morreram no trabalho e não têm carteira assinada não trabalhavam necessariamente de forma ilegal. Há casos de empresários que morreram no trabalho e empreiteiros individuais”, explicou à reportagem.
A informação de mais de 500 mortes em acidente de trabalho em 2016 foi antecipada pelo procurador durante a abertura da 24ª Jornada Gaúcha de Medicina do Trabalho e do I Fórum de Saúde e Segurança Ocupacional da Sociedade Gaúcha de Medicina do Trabalho (Sogamt), na última sexta-feira. Os dados completos sobre acidentes e mortes no trabalho no estado devem ser publicados em 2018 pelo MPT-RS. “A ideia é fazer um trabalho de prevenção”, explicou Fleischmann.
Segundo dados apurados por VEJA a partir do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, em 2015 foram registrados 142 acidentes de trabalho com morte no Rio Grande do Sul, 155 em 2014, 138 em 2013, e 155 em 2012. Esses dados, porém, contabilizam apenas trabalhadores com carteira assinada.
Dos acidentes de trabalho sem morte de 2016, a maioria resultou em corte, laceração ou ferida (23%). Na sequência aparecem contusão e esmagamento (18%) e fraturas (15%). As amputações representaram 1% dos acidentes no ano passado, com 383 casos.
De 2012 a 2016, o Rio Grande do Sul já registrou 127.947 auxílios-doença por acidente de trabalho com um impacto de mais de 1 bilhão de reais e perda de 23.173.428 dias de trabalho.
Também segundo o MPT-RS, o Rio Grande do Sul registrou o menor número de trabalhadores resgatados de situação análoga ao trabalho escravo nos últimos dez anos. A queda é reflexo da redução da verba pública federal para a fiscalização. Até agosto de 2017, apenas dois trabalhadores foram resgatados no estado contra 17 resgatados em 2016, uma queda de 88%. No Brasil, até agosto, foram 73 resgatados contra 885 no ano anterior, uma queda de 81,8%. O corte de verba para fiscalização aconteceu antes mesmo da portaria que flexibiliza o conceito de trabalho escravo.