Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Rio Grande do Sul

Por Veja correspondentes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
Continua após publicidade

Fraude nas cotas: ‘São brancos ocupando vagas indevidamente’

Para integrante do movimento negro, interesse público promovido pela política de cotas tem que valer mais que do que o direito individual

Por Paula Sperb
Atualizado em 4 jun 2024, 17h34 - Publicado em 5 dez 2017, 18h03

Ao contrário do que os cotistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reprovados pela comissão que avaliou se eles são de fato negros ou pardos alegam, esses estudantes são brancos e ocupam indevidamente as vagas da política afirmativa. Essa é a opinião do especialista em direito público Gleidison Renato Martins, da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado.

A UFRGS convocou 334 após denúncias de grupos de alunos negros que apontaram possíveis fraudes nas cotas. Os alunos reprovados pela comissão podem ser expulsos. A advogada Wanda Gomes Siqueira, que defende vinte desses alunos, avalia a comissão de aferição como um “tribunal racial”.

Para Martins, porém, os alunos que foram convocados e reprovados ocupam indevidamente as cotas porque são brancos. “Eles estão estudando de forma irregular, tiraram pessoas que teriam direito à vaga. Nossa preocupação é justamente essa: cada pessoa que entra sem ter direito, tira alguém da universidade que poderia estar ali”, disse Martins a VEJA.

“São pessoas brancas. Tem os que agiram de má-fé porque sabem que a política afirmativa é para outra população e viram uma brecha. Mas tem uma parcela que não entendeu, que se achou ‘bronzeado’. Mas mesmo para essas pessoas que não agiram com dolo, o direito individual não pode se sobrepor ao interesse público”, opinou o especialista.

Martins aponta pelo menos dois fatores que atrapalham a discussão sobre as cotas e as possíveis fraudes. Um deles é a falta de compreensão sobre o termo “pardo”. “Pardo, para efeito de ações afirmativas em concurso público e vestibular, é a cor clara da pessoa negra. É a possibilidade de um negro, por miscigenação, ter outros fenótipos que não aquele negroide acentuado”, explicou. Ou seja, pardos são negros com traços miscigenados e não pessoas brancas com a pele ou cabelo mais escuros.

Continua após a publicidade

Outro fator que atrapalha a discussão é a ideia de que há uma raça brasileira e essa raça é miscigenada, como postulava o intelectual Gilberto Freyre, na obra “Casa-grande e senzala”. “Se não existe nem negro nem branco, apenas miscigenados, não existe racismo. Se não existe racismo, não existe política contra o racismo. Só que a realidade não é essa e não podemos fechar os olhos”, disse.

Por sua vez, a advogada dos alunos alega que todos são pardos e, por isso, estão de acordo com as cotas. Além disso, ela argumenta que muitos deles têm pais ou avós negros. A ancestralidade, no ponto de vista dos movimentos negros, não garante que a pessoa sofrerá preconceito ao longo da vida. Isso porque, alguém com pai ancestrais negros não necessariamente herda os traços que geram racismo, como nariz achatado e lábios grossos.

“É dever da administração púbica arrumar esse erro, seja em qualquer tempo”, finaliza Martins.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.