77% dos municípios gaúchos paralisam serviços por falta de combustível
Serviços foram suspensos também como forma de apoio aos protestos contra aumento de combustíveis, diz Famurs
No quinto dia de greve dos caminhoneiros, 77% das cidades gaúchas paralisaram equipamentos e serviços que dependem e combustível, exceto aqueles da área de saúde. Do total de 497 municípios do estado, 384 decidiram suspender os serviços segundo a Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul).
Na última quinta, até o comércio de Terra de Areia fechou as portas em apoio aos caminhoneiros e os moradores cantaram o hino nacional como forma de protesto. Em Santa Vitória do Palmar, o prefeito decretou que o combustível da cidade pode ser desapropriado para utilidade pública.
Além da escassez de combustível, a paralisação é uma forma de apoio às reivindicações dos caminhoneiros, segundo a entidade. “A orientação da Famurs é que os municípios façam uma paralisação por um dia considerando os preços abusivos praticados, o corte do repasse da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide-combustíveis) aos municípios e em apoio aos caminhoneiros, que estão em greve“, disse a entidade em nota.
“Com o aumento dos combustíveis, os serviços das prefeituras irão encarecer e os municípios não têm como arcar com esse custo. O combustível é o insumo mais utilizado nos municípios”, disse Salmo Dias de Oliveira, presidente da Famurs e prefeito de Rio dos Índios, no comunicado.
“O aumento no preço dos combustíveis e a desoneração da Cide, diminuindo o que é repassado aos municípios, irá afetar a economia dos entes que já recebem menos recursos”, afirmou Oliveira.
Além disso, os supermercados gaúchos operam com um estoque para quinze dias de produtos de mercearia, higiene, limpeza e bazar. A situação mais crítica é na oferta de produtos perecíveis como carnes, laticínios e hortifrutigranjeiros, que já estão em falta em diversas localidades do Rio Grande do Sul. A informação é da Agas (Associação Gaúcha de Supermercados).
Em Porto Alegre, moradores enfrentaram filas nas grandes redes de supermercados e se depararam com algumas prateleiras vazias no setor de pães e carnes. Porém, a reportagem circulou por locais como o Mercado Público, no centro da capital, onde o movimento é nromal, sem filas extensas e produtos como carne e frutas, que já não estão disponíveis em outros mercados, ainda são encontrados à venda.
VEJA circulou pela área central onde a movimentação de carros e ônibus é semelhante com a de um dia de feriado, sem congestionamento nas vias. As linhas de ônibus operam em um sistema espacial, com oferta regular apenas nos horários de pico. A baixa circulação de pessoas afetou até a doação de sangue. Das 40 doações recebidas em média por dia, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre passou a receber apenas cinco e agora pede colaboração de doadores.
O Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do RS (Sindilat) estima prejuízo de 10 milhões de reais por dia com a perda da produção estocada nas propriedades. O órgão lamenta que os caminhões coletores estejam impedidos de chegar às fazendas para coletar o leite, que acaba sendo jogado fora. São 65.000 produtores de leite afetados. “A falta de sensibilidade do comando de greve penaliza milhares de famílias que tiram sustento de tambos onde é impossível desligar as máquinas”, afirmou Alexandre Guerra, presidente do Sindilat.