Com apenas três meses de governo, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, já estava envolvido em diversas polêmicas e denúncias de irregularidades.
Juscelino enviou emendas do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que corta sua própria fazenda. Prestou informações falsas à Justiça Eleitoral. Usou um avião da FAB e recebeu diárias do governo para acompanhar leilões de cavalos em SP. Recontratou bolsonaristas.
Entregou o gabinete ministerial para o sogro despachar em sua ausência. Emplacou o sócio do haras onde cria cavalos como funcionário fantasma no Senado — com o módico salário de 17,2 mil reais.
Qualquer presidente com um mínimo de senso de prudência teria se livrado de Juscelino há tempos.
Mas Lula gosta de viver perigosamente.
O presidente contentou-se em afirmar que “se ele não conseguir provar sua inocência, não pode ficar no governo”. Juscelino não conseguiu provar coisa alguma, mas foi podendo ficar no governo e lá ficou até hoje.
Na última sexta-feira, a Polícia Federal realizou operação para desarticular um esquema de fraude licitatória. A irmã do ministro, Luanna Resende, está no centro do furacão, e o ministro teve os bens bloqueados.
A investigação mira obras da construtora Construservice, subcontratada da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Condevasf), empresas que ficaram famosas no governo Bolsonaro por terem sido o principal destino de recursos do orçamento secreto. A PF afirma que a Arco Construções e Incorporações, que recebeu pagamentos da Construservice , é na verdade uma empresa de fachada que pertence de fato a Juscelino Filho.
Já se passaram quatro dias e Juscelino continua podendo ficar no governo.