Por que Bolsonaro humilha seus generais
Por que o capitão maltrata os oficiais generais não é mistério. Mas por que os generais se sujeitam aos maus tratos?
Bolsonaro dinamitou a regra que proibia o acúmulo de salários além do teto constitucional. Com uma canetada, garantiu mais de 300 mil reais por ano para cada um dos ministros militares que o bajulam, como os generais Luiz Eduardo e Augusto Heleno. O general Braga Netto, que nem ministro é mais, também se deu bem.
Com outra canetada, Bolsonaro botou no olho da rua o almirante Bento Albuquerque, antes ministro das Minas e Energia. Bento tem quatro estrelas e só foi para reserva em 2020 — frequentou manifestações golpistas de Bolsonaro quando ainda estava na ativa (e fazia parte do Alto Comando da Marinha).
Bento nunca foi desleal ao presidente e foi demitido sem motivo, de maneira inesperada, sumária e humilhante.
Por que foi demitido?
Um pouco para transformá-lo em bode expiatório dos aumentos de preço dos combustíveis, levando a responsabilidade para longe do Palácio do Planalto.
Um pouco para castigá-lo por não ser tão capacho quanto Bolsonaro exige. Bento ousou discordar do presidente em relação aos preços do combustível. E Bolsonaro não aceita nada além de subserviência absoluta.
E um pouco para se vingar das Forças Armadas, que o expulsaram da corporação há três décadas. Bolsonaro nunca perde a chance de humilhar um oficial mais graduado do que ele, de preferência oficiais generais.
Que Bolsonaro se compraz em tratar generais como pano de chão, todo mundo sabe. O que é um mistério é por que os generais aceitam.