Bolsonaro sempre pressionou Fernando Azevedo a substituir o general Edson Pujol, o comandante do Exército que resistia às tentativas do presidente de misturar a corporação com o governo.
Quando Bolsonaro cogitou a hipótese de nomear o general Luiz Eduardo Ramos para o comando do Exército, Ramos ficou espetacularmente constrangido, e todos os outros generais, consternados, fizeram cara de paisagem.
O critério da antiguidade é pedra de toque para a escolha do comandante da Força. Desrespeitar o critério é visto nas Forças Armadas como sacrilégio. De modo que Azevedo sempre resistiu à pressão. É por isso que Bolsonaro se incomodava com seu ministro, e é por isso que, afinal, o demitiu.
Bolsonaro teria coragem de efetivamente determinar a troca de Pujol? O que faria o novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto? Ousaria contrariar o chefe a que sempre obedeceu cegamente? Ou faria a troca, dando a impressão de que prepara um golpe de Estado?
Pujol aceitaria entregar o cargo sem resistir? Como reagiria o Alto Comando do Exército à interferência indevida? O que faria Rodrigo Pacheco, que tem o poder de instalar a CPI da Saúde? E Arthur Lira, que tem o poder de botar o impeachment para votar?
Estamos na maior crise política dos últimos 40 anos. Como nos metemos nessa?