Janones nega rachadinha: afinal, a prática é crime. Desde que…
Especialista no uso das fake-news, o deputado agora se diz vítima de fake news.
“Nunca recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, eu nunca fiz rachadinha” declarou André Janones (Avante) a respeito da gravação, feita por um de seus próprios assessores, em que aparece organizando a rachadinha. Janones, que sempre foi adepto entusiasmado das fake-news, agora se queixa de ser vítima de fake-news. Toda rapadura tem seu dia de mingau, diz o ditado.
Janones apoia Lula e é inimigo figadal do bolsonarismo. Em outros tempos, acusou incansavelmente Flávio Bolsonaro da prática de rachadinha. Flávio, por sua vez, dizia que não havia feito “nada criminoso” e que “a investigação é ilegal” e constituía “uma perseguição contra o presidente Bolsonaro”. Seu irmão Carlos e o pai dos dois diziam a mesma coisa. “É uma prática meio comum”, admitiu Jair. Mas a atribuiu à esquerda e se deixou de fora: “Aí não vou falar de mim, né. Sou suspeito para falar de mim… Eu não tenho servidor meu falando, denunciando…”. Só que tinha. Mais de um.
O clã Bolsonaro conseguiu a proeza de ser investigado por rachadinha nas três esferas, federal, estadual e municipal, mas os casos de parlamentares acusados da prática são incontáveis. Só na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro há dezenas de deputados e ex-deputados sendo investigados. Quem encabeça a lista é André Ceciliano, do PT, com mais de R$ 49 milhões em movimentações atípicas.
Rachadinhas, como fake-news, não são privilégio da direita nem da esquerda: há praticantes de todas as colorações político-ideológicas — sendo que a mais comum é a cor de burro-quando-foge. Está ao alcance de todos. É democrática.
Rachadinha continua sendo crime, claro. Desde que tenha sido cometida pelo adversário.
(Por Ricardo Rangel em 28/11/2023)