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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Temas barulhentos com que vigaristas excitam a fúria dos incautos

Há grupos disfarçados de arautos da democracia e da liberdade cujo credo, sem favor, poderia ser considerado fascista se tivessem alguma importância

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 24 mar 2017, 10h09 - Publicado em 24 mar 2017, 09h37

Vamos lá. Os tempos andam um tanto estúpidos, e muita gente sai falando o que lhe dá na veneta, seja fato ou não.

Querem ver um tema que só serve para excitar o ódio à política e aos políticos e que não tem a menor base de realidade? A anistia ao caixa dois!

Isso é uma invenção. Caixa dois passará a ser crime. Mas não pode haver punição retroativa porque a Constituição não permite. Não há lei possível que impeça o Ministério Público Federal de denunciar alguém por corrupção passiva, lavagem de ativos ou peculato — desde que estejam caracterizados. O que o órgão não pode fazer, e já não pode hoje, é tomar caixa dois como sinônimo desses crimes.

Afirmar, leitores, que os políticos tramam uma anistia ao caixa dois, que nem é crime previsto no Código Penal, é só um jeito de deixá-los com ódio, de enganá-los.

Há outras formas de excitar a sua fúria com falsas questões.

Vamos pensar no que chamam por aí de “foro privilegiado”? Não é privilégio nenhum. O nome certo é foro especial por prerrogativa de função. É preciso diminuir o número de políticos nessa condição, mas extinguir o mecanismo corresponderia a paralisar o país. Um juiz qualquer de primeira instância poderia mandar prender um ministro de estado.

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É uma mentira grotesca, fruto da desinformação e da demagogia, a história de que só o Brasil dispõe de foro especial. Ora, caso se crie uma vara específica para processar autoridades, fora dos tribunais superiores, não será, ainda assim, foro especial? Existe na França, por exemplo. De resto, quem disse que, a depender do resultado, o caso não iria parar mesmo é no Supremo e no STJ?

Pedir simplesmente o fim do foro especial corresponde a jogar o país na baderna.

Vamos seguir com outros temas que os fazem querer enforcar um senador com as tripas de um deputado.

Que tal financiamento público de campanha? Pois é! Eu sou contra. Sempre fui contra. Mas não vejo alternativa para 2018. A outra possibilidade é ficar tudo como está. E aí o crime organizado dará as cartas na eleição. Não pode haver doação de empresas. As feitas por pessoas físicas são irrisórias.

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De onde sairá o dinheiro? Responder um “de lugar nenhum; que se virem” corresponde a negar a democracia. Não que isso me estranhasse… Há grupos disfarçados de arautos da democracia e da liberdade cujo credo, sem favor, poderia ser considerado fascista se tivessem alguma importância.

Mais um pouco de ódio gratuito? O voto em lista! Sim, sempre fui contra. Continuo contra. Tanto é assim que tenho uma proposta que nega o dito-cujo. A questão é saber se existe alternativa para 2018. E qualquer pessoa responsável sabe que não há. Se o financiamento for público em 2018, e tudo indica que será, o voto em lista tem de ser uma consequência. A única coisa razoável a fazer é restabelecer o financiamento de empresas para 2022, com voto distrital ou distrital misto.

Sim, claro, você pode se esgoelar contra o financiamento público e o voto em lista em 2018, mas você estará obrigado a oferecer uma alternativa viável. Ou será só um vigarista. Achar que se consegue, em seis meses, restabelecer financiamento de empresas, além de criar distritos eleitorais para voto distrital (ou distrital misto), é coisa de demagogo ou de energúmeno — ou as duas características combinadas numa só mente divinal.

É verdade, meus caros, o Brasil está bem longe do paraíso. Mas cuidado com aqueles que excitam o seu ódio contra perigos inexistentes, de olho, no mais das vezes, em seus próprios interesses — não raro, pecuniários.

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A indústria do ódio é bastante rentável, e a ambição dos pilantras não tem limites.

Respire.

Reflita.

Estude.

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Repudie a manada.

Ignore os profetas do caos.

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