Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Mano Brown, o maior intelectual da esquerda contemporânea, celebra Marighella, o arrancador de perna e defensor do assassinato de inocentes

E por falar em Carlos Marighella — o terrorista arrancador de perna e que escreveu um Minimanual da Guerrilha em que defende abertamente o terrorismo, inclusive com o assassinato de inocentes e a sugestão de ataque a hospitais —, vejam com que mimo nos brindam Laura Capriglione (a minha eterna Musa das Galochas; este ano, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h49 - Publicado em 21 Maio 2012, 07h37

E por falar em Carlos Marighella — o terrorista arrancador de perna e que escreveu um Minimanual da Guerrilha em que defende abertamente o terrorismo, inclusive com o assassinato de inocentes e a sugestão de ataque a hospitais —, vejam com que mimo nos brindam Laura Capriglione (a minha eterna Musa das Galochas; este ano, sem enchentes, senti falta do seu estilo) e Marlene Bergamo, na Folha.  Leiam trechos. Volto depois.
*
Tudo era muito simbólico. Um dos maiores porta-vozes da periferia de São Paulo, o cantor e compositor de rap Mano Brown, dos Racionais MCs, escolheu gravar o clipe da música “Marighella” na chamada Ocupação Mauá, encravada no meio da cracolândia paulista. Ali, a prefeitura tem realizado ações visando a valorizar a região e construir um polo de tecnologia e alta cultura, chamado Nova Luz. A música é homenagem ao guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Aliança Libertadora Nacional, morto pela ditadura em 1969.

A gravação foi na noite de terça, dia 15. O cenário do clipe, um antigo hotel no centro da cidade, vizinho à prestigiosa Sala São Paulo, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e defronte à Estação da Luz, foi invadido há cinco anos por pobres, cortiçados e moradores de rua do centro. Hoje, 1.300 pessoas, segundo o movimento dos sem-teto, ocupam o imóvel. Por pouco tempo, esperam os proprietários Mendel Zyngier, Sara Zyngier e Abram Zyngier, que conseguiram há 15 dias na Justiça uma sentença favorável à reintegração de posse imediata.

Ratazanas
O edifício Mauá é um imóvel de seis andares com um grande pátio no meio — vários apartamentos têm janelas para esse fosso. Há 17 anos, os proprietários não usam o imóvel para nada. Há cinco, o prédio estava cheio de lixo e habitado só por ratazanas. Foi quando se deu a invasão. No pátio, hoje limpo e com as paredes decoradas por murais coloridos, foi que os Racionais evocaram a lembrança de Marighella.

“Quem é que disse que esta cidade tem que ter lugar demarcado para morarem só pessoas do tipo A, B ou C? Quem é que disse que pobre só pode morar na periferia?”, perguntou Brown a uma plateia de jovens sem-teto que sabia de cor as imensas letras das músicas dos Racionais. Fãs mesmo.
(…)

Voltei
O estilo de Laura — Marlene faz as fotos — é sempre encantador pela tentativa malsucedida de ser sutil. Notem que a Prefeitura quer “valorizar a região” e incentivar empresas de “tecnologia” e “alta cultura”, coisas que parecem em oposição aos pobres. Marighella era só um “guerrilheiro morto pela ditadura”. Orlando Lovecchio (ler post) que o diga. Pagou com a própria perna para que Laura exercitasse o seu estilo seco, na luta sem classe das palavras.

Continua após a publicidade

Ao descrever o prédio antes e agora, a gente nota um certo desprezo por um dos Direitos Universais do Homem: o direito à propriedade — garantido também por aquele livrinho ridículo: a Constituição.

E Mano Brown? Esse rapaz e seu grupo perceberam que a imprensa que eles adoram detestar adora amá-los e transformá-los em grandes pensadores. Quem exalta Marighella numa música, sendo aquele facínora quem era, está obrigado a dividir os próprios bens com os pobres que servem de massa de manobra para suas rimas sem-teto e sem-verso.

Certa vez esse sujeito foi ao Roda Viva. Disse lá as suas barbaridades. Na plateia, fingindo-se de entrevistadora, Maria Rita Kehl — aquela que está na Comissão da Verdade e não quer apurar os crimes de Marighella, que seu ídolo agora idolatra. Vejam como tudo se encaixa na Lei da Barbárie.

Brown concedeu uma entrevista à Folha Online, em que fala como urbanista e analista político. Leiam um trechinho. Volto depois.
(…)
E a prisão do rapper Emicida em Belo Horizonte?
O Brasil está em transição. O Brasil não sabe se é um país moderno ou se ainda está em 1964. Essa geração da direita… eles falam que não existe direita, mas existe direita. Kassab é de direita, Alckmin é de direita, certo? Eles falam que não, mas têm o mesmo modus operandi dos caras da antiga, de usar a força, de usar o poder e de passar para frente o B.O. para outro resolver.
(…)
O que acha da Comissão da Verdade?
Tem que fazer justiça mesmo. Tem que buscar o pé da fita mesmo, como dizem lá na minha quebrada, e tem que punir quem tem que ser punido. Se é que eles estão vivos ainda. Vai punir quem? Quem tá vivo para ser punido? Igual o [ditador chileno Augusto] Pinochet, que foi preso com oitenta e tanto. Vive bem, dorme bem, come bem, aí vive 90 anos. E o trabalhador mesmo…

Continua após a publicidade

Voltei
Por que o tal rapper Emicida foi preso em Belo Horizonte (nem Kassab é prefeito da cidade nem Alckmin é governador de Minas), no dia 13? A própria Folha explica:
“Aos 47min58seg, quando Emicida entra no palco, ele manifesta apoio à ocupação Eliana Silva, localizada na mesma região do show. Na sexta-feira (11), a PM de Minas Gerais cumpriu uma liminar de reintegração de posse e despejou as famílias que ocupavam o local.
‘Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio pra polícia que desocupa as famílias mais humildes. Levanta seu dedo do meio pros políticos que não respeitam a população e vêm com nóis nessa aqui, ó. Mandando todos eles se foder, certo BH? A rua é nóis’, disse o rapper antes de começar a cantar ‘Dedo na Ferida’.”

Viram que rapaz delicado e prudente, incitando a massa presente contra a polícia? A propósito: por recorrer a linguagem e incitação semelhantes, a cantora Rita Lee foi presa, e por justíssimos motivos, pela polícia de Sergipe, estado governado pelo PT. Mais: os policiais decidiram recorrer à Justiça pedindo indenização por danos à honra. É o PT de direita, diria Mano Brown, este monumento do pensamento contemporâneo!

Encerro
Escrevi um post há alguns anos sobre as bobagens que fala o já coroa Mano Brown, embora se fantasie de garotinho rebelde. Não há dia em que não cheguem comentários que apelam à linguagem mais agressiva e ao mais baixo calão. Na última, um sujeito prometeu me matar com fuzil. Desta vez, chegando algo semelhante, mandarei para a polícia. Afinal, sou “de direita”, certo?

Ora, eles se sentem nesse direito! Peguem o conjunto da obra. O pacote aponta para a glamorização da ilegalidade e da violência, cantando-se, de quebra,  as glórias de Marighella, que aleijava quando não matava — um pobre “guerrilheiro de esquerda morto pela ditadura”, como escreve Laura.

Continua após a publicidade

Tudo faz um sentido danado! Mano Brown é hoje o mais sofisticado pensador da esquerda brasileira. Roberto Schwarz está contestando só agora um livro que Caetano Veloso escreveu há 15 anos! E Marilena Chaui ainda não terminou a defesa de Delúbio Soares…

Texto publicado originalmente às 6h17 desta segunda
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.