Cresce pressão para abortar negócio de TV de Murdoch
Por Vaguinaldo Marinheiro, na Folha: Afundado num escândalo de escutas e corrupção de policiais, o jornal “News of the World”, de maior circulação aos domingos no Reino Unido, teve ontem sua última edição. Mas os problemas de seu proprietário, o magnata australiano Rupert Murdoch, estão longe de acabar. Murdoch chegou ontem a Londres para acompanhar […]
Por Vaguinaldo Marinheiro, na Folha:
Afundado num escândalo de escutas e corrupção de policiais, o jornal “News of the World”, de maior circulação aos domingos no Reino Unido, teve ontem sua última edição. Mas os problemas de seu proprietário, o magnata australiano Rupert Murdoch, estão longe de acabar. Murdoch chegou ontem a Londres para acompanhar de perto o escândalo, que ameaça a expansão de seu império. É um conjunto de empresas de comunicação em quase todo o mundo com ativos de US$ 60 bilhões (R$ 93 bilhões). Só de jornais, são cerca de 200 títulos. Ao fechar o tabloide, ele esperava esfriar o caso e continuar o projeto de compra dos 61% que não detém da BSkyB, maior provedora de TV por assinatura no Reino Unido. O negócio é estimado em US$ 12 bilhões (R$ 18 bilhões).
Não foi o que houve, e ontem cresceu a pressão para que o governo vete a negociação. Antes já havia a crítica de que a compra fere a lei da livre concorrência e concentra a produção e distribuição de informação, uma vez que Murdoch é dono de canais de TV, provedora de internet e mais três jornais no Reino Unido “The Sun”, “The Times” e “The Sunday Times”. Agora há as escutas, a corrupção e a acusação de que executivos do grupo mentiram para encobrir o caso. O Partido Trabalhista, de oposição, disse que apresentará nesta semana proposta a ser votada no Parlamento que impediria o governo de autorizar o negócio antes do final da investigação policial. “Espero que o governo mude sua posição sobre isso [a autorização para a compra], ou vamos ter que forçar um voto sobre o assunto na Câmara dos Comuns”, afirmou Ed Miliband, líder do partido.
Alguns membros do Partido Liberal Democrata, que compõe a coalizão que governa o país, já disseram que votam a favor de uma medida para adiar o negócio. Como a investigação pode demorar até dois anos, isso praticamente enterraria a transação. Logo após chegar, Murdoch, 80, se reuniu com Rebekah Brooks, que era editora chefe do “News of the World” quando, segundo a polícia, começaram as escutas ilegais das caixas postais. O empresário disse que Brooks é sua “prioridade”. Ela é hoje executiva-chefe do braço que cuida de seus jornais no Reino Unido, e há pressão para que se demita. Aqui