A “treta” performática do coroa Pedro Paulo, o tal “Mano Brown”, com a polícia. E, mais uma vez, Eduardo Suplicy, o pateta patético
Santo Deus! Que preguiça me dá! O sr. Pedro Paulo Soares Pereira, de 44 anos, foi preso nesta segunda pela PM por desobediência, desacato e resistência à prisão. O coroa Pedro Paulo é Mano Brown, o líder da tal banda Racionais MCs. Os policiais afirmam que ele tentou escapar de uma blitz, e ele diz […]
Santo Deus! Que preguiça me dá! O sr. Pedro Paulo Soares Pereira, de 44 anos, foi preso nesta segunda pela PM por desobediência, desacato e resistência à prisão. O coroa Pedro Paulo é Mano Brown, o líder da tal banda Racionais MCs. Os policiais afirmam que ele tentou escapar de uma blitz, e ele diz que foi abordado de forma violenta. O que é fato? Sua Carteira Nacional de Habilitação está com o exame médico vencido, e o carro, em nome da mãe, está com o licenciamento atrasado.
Basta ler, como acabo de fazer, o que este coroa disfarçado de eterno adolescente rebelde pensa sobre a polícia em suas letras para constatar que é impossível demonstrar que os policiais tenham prevenção contra Pedro Paulo, mas que é muito fácil demonstrar que Pedro Paulo tem prevenção contra policiais. O episódio certamente servirá para ele voltar ao noticiário. Acho que isso garantirá shows mais lotados, mais venda de CDs e downloads na Internet. Arrumar “treta” com a polícia, no ramo de entretenimento em que ele atua, é um ativo. Nem por isso os policiais devem deixar de cumprir a sua função.
Ele diz ter sido abordado com violência, e seu advogado alega ter um vídeo em que isso fica demonstrado. Os policiais negam. Que se apure tudo. Que carro e documentos estivessem irregulares, isso parece fora de dúvida.
Pedro Paulo ganha a vida como Mano Brown, e isso é parte do seu show. Posso achar de mau gosto, mas fazer o quê? Ele que arque com as consequências de suas escolhas. Fiquei de estômago embrulhado não com ele, mas com o amostrado Eduardo Suplicy, o secretário de Direitos Humanos da Prefeitura, um ser patético, com ar de inimputável, mas nunca inocente.
Esse rabeira de celebridade acompanhou o performático senhor à delegacia. Afinal, como esquecer aquele espetáculo no Senado em que ele interpreta uma das, digamos, “canções” de Brown? Suplicy deu a seguinte declaração: “Imagino que, se houvesse civilidade por parte da PM, não precisaria disso tudo”. Sobre os documentos irregulares, afirmou: “Isso é normal. Eu mesmo já dirigi com a carteira vencida. Eu me pergunto por que tanta brutalidade contra o rapper de maior audiência no Brasil”.
O sr. Fernando Haddad mantém como secretário dos Direitos Humanos um cara que não apenas confessa ter praticado uma ilegalidade como faz a apologia dela, afirmando ser isso muito “normal”. Mais: sem nenhuma apuração, sem investigação, sem nada, comporta-se como juiz e decreta a culpa da polícia — como faz de hábito. Achando que isso é pouco, sugere que, por ser o rapper de maior audiência do Brasil, Mano Brown mereceria um tratamento diferenciado. Por quê? Se ninguém o conhecesse, a suposta brutalidade seria justificada?
Imaginem, meus caros, numa cidade do tamanho de São Paulo, quantas são as vezes em que os direitos humanos são agredidos. Suplicy não pode estar em todos os lugares. Mas encontra tempo para acompanhar Mano Brown. É bem verdade que ele já fez coisa pior: na última vez em que foi visto ao lado de uma celebridade, estava ao lado do assassino condenado Cesare Battisti.
A propósito: o Ministério Público não vai fazer nada diante da confissão de Suplicy e do estímulo objetivo de uma autoridade à prática de ilegalidade? Mano Brown fez da cara de mau uma profissão. Suplicy transformou em profissão aquele seu ar meio aparvalhado, mas que pode ser, como a gente vê, moralmente doloso.
Mano Brown precisaria ter, parodiando Antero de Quental, 25 anos a menos de idade ou 25 a mais de reflexão. Suplicy, nos dois casos, uns 50.
PS – E para que não reste a menor dúvida: se o caso é brincar de luta do oprimido contra o opressor, a gente precisa ser claro, né? Os únicos pobres e oprimidos da história são os policiais.