Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

A renúncia de Bento 16 – Uma má e uma boa notícia para os católicos

Má notícia para os católicos: “Bento 16 anunciou a sua renúncia”. Boa notícia para os católicos: “Bento 16 anunciou a sua renúncia”. Para que se entenda direito o que quero dizer, será preciso voltar um pouco no tempo, ao processo sucessório que resultou na escolha do então cardeal Josef Ratzinger para o Trono de Pedro. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h53 - Publicado em 11 fev 2013, 15h56

Má notícia para os católicos: “Bento 16 anunciou a sua renúncia”. Boa notícia para os católicos: “Bento 16 anunciou a sua renúncia”. Para que se entenda direito o que quero dizer, será preciso voltar um pouco no tempo, ao processo sucessório que resultou na escolha do então cardeal Josef Ratzinger para o Trono de Pedro. Que eu me lembre (se estiver errado, alguém o demonstrará), fui dos poucos, talvez o único, dos que escreveram sobre o assunto a fazer a aposta certa no site Primeira Leitura. Dizia-se, então, que, depois de João Paulo II, era chegada a hora de um “papa progressista”, de um papa latino-americano, de um papa africano — misturando-se, de resto, geografia com categoria teológica.

Um papa africano não quer dizer, necessariamente, um papa “progressista” segundo os critérios mixurucas que se empregam por aí para definir o “progressismo”. O cardeal Peter Turkson, de Gana, por exemplo, é um crítico das violências cometidas na África por grupos islâmicos. Os europeus ou os “teólogos da libertação” da América Latina costumam se calar. Mas retomo: todos os que, no fundo, não gostam a Igreja e rejeitam seus postulados — e seu apostolado — tinham uma boa saída para a sucessão de João Paulo II. E valia qualquer um, menos o tal Ratzinger, que, no entanto, se fez papa.

Com a renúncia de agora, abre-se a nova temporada de apostas. “Um progressista”, “um não europeu”, “um latino-americano”, o “primeiro papa negro”… Pode acontecer uma dessas coisas ou duas ou três combinadas, claro!, mas o menos provável é que o sucessor de Bento 16 abrace a plataforma do sonho dos laicistas ou “progressistas”, que, para triunfo da lógica (embora tentem fingir o contrário), não têm uma plataforma para fortalecer a Igreja, mas para destruí-la, certo? Se a Santa Madre adere à plataforma que muita gente pretende modernizadora, a instituição ficaria mais próxima, deixem-me ver, das alas mais à esquerda do Partido Democrata… E a Igreja, é preciso convir, é outra coisa.

É, sim, uma má notícia a renúncia de Bento 16 porque ele tem levado adiante uma plataforma de moralização da Igreja — sem promover a carnificina pela qual muitos torciam e sem fazer concessões em matéria doutrinária. Mas também é uma boa notícia para os católicos (e se está dando pouco relevo a este aspecto) porque papa morto não fala; se não fala, também não intervém, não articula, não negocia, não faz política — tudo aquilo que, vivo, Bento 16 pode fazer nos próximos dias e mesmo nos dias seguintes à sua renúncia, no curso do mês de março, quando, então, se vai decidir o seu sucessor.

A primeira renúncia de um papa em mais de seis séculos não é um fato corriqueiro, é evidente. O fato, em si, evidencia que ele próprio tem claro que deixar a sucessão para depois de sua morte traz embutidos alguns perigos. As teorias conspiratórias se avolumam. A Igreja sempre excitou a imaginação dos caçadores de tramas secretas. Alguns eventos recentes serviram para conferir verossimilhança mesmo às hipóteses mais estrambóticas. O jornal italiano Il Fatto Quotidiano, por exemplo, noticiou que o bispo colombiano Darío Castrillón Hoyos enviou uma carta ao papa em que relata uma viagem empreendida à China por Paolo Romeo, arcebispo de Palermo, na Sicília. Nessa viagem, teria comentado com autoridades chinesas que o papa estaria morto em um ano…  A China envolvida numa conspiração para matar o papa e entronizar na Santa Sé um agente de seus interesses rende um eletrizante filme B. A morte de João Paulo I gerou especulações as mais variadas: inventou-se o mito de que queria distribuir as riquezas do Vaticano e, por isso, fora assassinado.

Tendo a dar pouca importância a essas hipóteses muito rocambolescas. O mesmo cardeal Ratzinger, que respondeu pela doutrina durante o pontificado do midiático João Paulo II, está presente no papa Bento 16. Parece-me que ele antecipa a sua sucessão para ter a certeza de que a Igreja não vai se converter apenas num clube de pessoas bem-intencionadas, tarefa que pode ser cumprida por partidos, por ONGs, por associações laicas. Seu sucessor vai dizer se a renúncia foi o último gesto do cardeal de pulso firme — é a minha aposta — ou se deixa o Pontificado porque incapaz de conciliar as várias correntes da Igreja.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.