O time de Mauro Vieira na reunião com Rubio sobre tarifaço na Casa Branca
Encontro está marcado para 14h, no horário de Washington; pauta provável também inclui big techs e guerra na Ucrânia, passando pela Venezuela
O chanceler Mauro Vieira escalou a embaixadora brasileira nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti, e os secretários Maurício Lyrio (Clima, Energia e Meio Ambiente) e Philip Fox-Drummond Gough (Assuntos Econômicos e Financeiros), ambos da cúpula do Itamaraty, para acompanhá-lo na reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na Casa Branca.
O encontro está marcado para as 14h (horário de Washington) desta quinta-feira. Desde sua chegada à capital dos EUA, há dois dias, Vieira está se preparando para uma pauta que deve incluir as punições do Judiciário brasileiro às big techs e a proposta do governo Lula de regulação das plataformas, os laços comerciais com a China e a Rússia e a relação política com o regime de Nicolás Maduro na Venezuela.
O tarifaço americano será abordado, por óbvio, mas a ausência de Geraldo Alckmin, que, além de vice-presidente, é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, torna difícil imaginar que uma solução para o impasse comercial possa sair imediatamente da reunião com Rubio na Casa Branca.
Ainda assim, os temas do comércio bilateral, do mercado corporativo e da política se misturam. Na véspera, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reafirmaram que a elevação das tarifas sobre alguns produtos brasileiros a 50% se deve à “extrema preocupação sobre Estado de Direito, censura e direitos humanos no Brasil”.
“Um juiz brasileiro assumiu para si o papel de ordenar que empresas americanas se autocensurem, dando-lhes ordens secretas, para gerenciar o fluxo de informações”, declarou Greer a jornalistas. “(Há preocupações com) o Estado de Direito com relação a opositores políticos no Brasil”, acrescentou, referindo-se, sem citar nomes, ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Em um momento de nova escalada da tensão comercial do governo Trump com a China, Vieira e seu time também se prepararam para discutir com Rubio a possibilidade de um acordo em torno das reservas brasileiras de terras raras, as segundas maiores do mundo. De ascendência cubana, o chefe da política externa americana já deixou claro que quer reduzir ao máximo a influência de Pequim na América Latina, vista pelos EUA como seu “quintal”.
A guerra russa na Ucrânia deve entrar em pauta não sob a ótica militar, mas, sim, pela visão de Washington de que o Brasil financia o esforço de guerra de Vladimir Putin por meio das importações de óleo diesel e fertilizantes. Segundo maior produtor de alimentos do mundo, o Brasil importa cerca de 90% dos fertilizantes usados na agricultura, um terço dos quais vêm da Rússia.
Na área dos combustíveis, aliás, Vieira e seu time estão dispostos a oferecer uma redução da tarifa brasileira sobre a importação de etanol dos EUA, hoje em 18%.
Com o cerco militar americano no mar do Caribe e a declaração pública de Donald Trump sobre ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano, é difícil imaginar que Rubio não aborde a relação política do governo Lula e do PT com o chavismo, hoje personificado em Nicolás Maduro.
Apesar do afastamento de Caracas provocado pela repressão à oposição nas últimas eleições venezuelanas, a diplomacia brasileira tradicionalmente defende o princípio da não intervenção – um limite que as forças do Pentágono e de espionagem americanas parecem próximas de romper em busca da mudança de regime no país vizinho.
No Cerrado, nova geração transforma fazenda em modelo de agricultura regenerativa
Como música póstuma de Marília Mendonça saiu do papel sem Inteligência Artificial
Como brasileiro pretende gastar o prêmio milionário do príncipe William
Itamaraty vê clima esfriar para nova conversa com os EUA sobre o tarifaço
Ana Maria Braga comete gafe ao vivo em comentário sobre a COP30







