Multinacional argentina estuda parque solar na Bahia e quer gasoduto no RS
Pan American Energy deve concluir primeiro empreendimento no Brasil, um complexo de energia eólica, em junho deste ano
A Pan American Energy, empresa com atuação no setor energético em países latino-americanos, em especial na Argentina, estuda construir um parque de energia solar na Bahia. Os painéis fotovoltaicos ficariam próximos ao primeiro empreendimento da multinacional no Brasil: o Complexo Eólico Novo Horizonte, que recebeu aporte de 1,1 bilhão de bancos de desenvolvimento locais.
Em entrevista ao Radar, o vice-presidente de Desenvolvimentos Internacionais da Pan American Energy no Brasil, Enrique Lusso, afirmou que a empresa quer permanecer por décadas no mercado brasileiro, e acredita que a empresa, apesar da origem na exploração de combustíveis fósseis, tem potencial para contribuir na transição.
“O papel da América Latina é muito forte na transição energética global, tem recursos de lítio muito importantes, tem recursos de gás muito importantes, tem recursos eólicos e solares muito importantes”, analisou Lusso.
“Nós, como Pan American, temos uma forte presença no México, na Bolívia, na Argentina, no Uruguai, no Paraguai e agora no Brasil, o que cria uma situação em que temos que assumir um papel de liderança na transição energética”, seguiu.
Além da possibilidade de explorar o potencial da energia solar no Brasil, a empresa demonstra interesse em participar na ampliação do gasoduto Nestor Kirchner, que explora o gás de Vaca Muerta, na Patagônia. Há um projeto que prevê uma ligação a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.
O projeto, porém, ainda tem muitos pontos que tornam a participação de investimento brasileiro, como por exemplo do BNDES, incerta. Um deles é que já há uma grande demanda de gás na Argentina e não se sabe a disponibilidade da produção para uso no Brasil.
Outro ponto é a instabilidade gerada pela transição de governo na Argentina. Durante a campanha, em 2023, o novo presidente, Javier Millei, sinalizou que pretendia manter o plano de expansão do gasoduto do antecessor, Alberto Fernández.
“Estamos chegando agora ao Brasil para passar 30, 40 anos. São investimentos de longo prazo”, disse Lusso.
“No caso do gás de Vaca Muerta no Brasil, também são investimentos de longo prazo, exigindo muitos atores envolvidos: empresas privadas, governos, entidades financeiras (…) Pode demorar mais ou menos, mas a situação atual não pode afetar um negócio que existe, o que é positivo para ambos os países”, acrescentou.