Ex-ministro de Bolsonaro critica inspeção do Exército às urnas eletrônicas
‘Espero que as Forças Armadas não participem nunca mais da verificação do processo eleitoral’, disse o General Santos Cruz
Ex-ministro de Jair Bolsonaro, o general Carlos Alberto Santos Cruz rompeu com o presidente logo no início do governo. Ao Radar, ele falou o que pensa sobre as manifestações que não aceitam a vitória de Lula e disse não acreditar numa intervenção militar na atual conjuntura.
“As Forças Armadas não têm que participar do processo eleitoral, o responsável pelo processo eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral e a fiscalização é feita pelos partidos políticos e alguns órgãos técnicos”, disse o ex-ministro.
Para Santos Cruz, as Forças Armadas arriscaram sua credibilidade ao atuarem no processo eleitoral, inclusive produzindo um suposto relatório paralelo sobre a legitimidade do pleito. “Quando você entra em um ambiente desses, e você se compromete em fazer um relatório, já tem o primeiro problema. E quando você não apresenta, tem outro problema, que é colocar a sua credibilidade em xeque. Esse relatório tem que sair”, pontuou.
Sobre os atos em frente aos quartéis, Santos Cruz disse que a manifestação pacífica é legítima. No entanto, os manifestantes são “manipulados” por “oportunistas”. “Eu não vejo nenhuma possibilidade de o Exército querer tomar atitudes relativas à política. Estamos em um cenário de normalidade”, disse o ex-ministro.
Com a experiência de quem comandou tropas na missão do Exército brasileiro no Haiti, Santos Cruz descartou qualquer ensejo antidemocrático das tropas. Para o General, quem pede uma tomada de poder das Forças Armadas fez uma interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição Federal.
“De quatro em quatro anos, tem eleição. Não se pode aceitar apenas um resultado, isso não tem nada a ver com as Forças Armadas. Os comandantes são pessoas responsáveis, que não vão tomar atitudes ilegais, são pessoas preparadas.”
Em 16 de novembro, em São Paulo, Santos Cruz lança o livro Democracia na Prática, que segundo o autor, extrapola os conceitos acadêmicos e pretende se comunicar de forma direta com o cidadão. O General elencou 23 temas que considera relevantes para a compreensão de sistemas democráticos. A publicação também será lançada em Brasília neste mês.