Correios recuam de fim do teletrabalho, mas só para alguns funcionários
Em crise financeira, estatal afirma que trabalho presencial aumenta a ‘sinergia e a agilidade das decisões’ e a ‘capacidade de entregar resultados’

Os Correios recuaram parcialmente da decisão de dar fim ao regime de teletrabalho para seus funcionários, medida que estava prevista para entrar em vigor em 23 de junho.
Em comunicado interno que circulou nesta segunda-feira, 30, a estatal disse que decidiu manter o home office para:
- quem tem filhos, enteados ou crianças sob guarda judicial de até seis anos;
- quem cuida de crianças com deficiência;
- pessoas com deficiência;
- e empregados(as) protegidos por decisão judicial ou reenquadrados por processo seletivo.
“Já os pedidos de permanência em teletrabalho por motivo de saúde serão avaliados individualmente pela área médica”, diz a mensagem. “Tudo será feito com responsabilidade, atenção e respeito às particularidades de cada um.”
A empresa também justifica a reversão do teletrabalho: “Acreditamos que estar mais próximos aumenta a sinergia e a agilidade das decisões e impulsiona nossa capacidade de entregar resultados. Contamos com você nesse movimento”, afirma a direção dos Correios no comunicado.
Custo adicional
Como mostrou o Radar, a Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) estima que o fim do regime de teletrabalho pode gerar um custo adicional de cerca de 50 milhões de reais no primeiro ano e de aproximadamente 23 milhões de reais a cada ano seguinte.
De acordo com a entidade, há, hoje, pouco mais de 2.000 funcionários da estatal em regime de trabalho remoto.
“A alegação da empresa de que o retorno presencial gerará economia é refutada por estudos internos detalhados”, afirma a Adcap. Para fazer a estimativa, a associação atualizou os dados de um relatório da Central de Infraestrutura dos próprios Correios divulgado em novembro de 2023.
O fim do teletrabalho é uma das medidas que a direção da estatal anunciou sob pretexto de gerar economia de caixa e tentar reverter a trajetória deficitária dos Correios, que tiveram prejuízo de 2,6 bilhões de reais no ano passado e fecharam o primeiro trimestre de 2025 com saldo negativo de 1,7 bilhão de reais.