Caso Marielle mostrou ‘fragilidade da democracia brasileira’, diz Anielle
Assassinato da vereadora completa quatro anos nesta segunda, num crime ainda sem mandante e motivação esclarecidos
O assassinato da vereadora Marielle Franco completa quatro anos nesta segunda-feira, num crime até hoje sem mandantes identificados ou motivação esclarecida.
Na ocasião da morte da política do PSOL, o Rio de Janeiro estava sob intervenção federal na segurança pública, comandada à época pelo general Walter Braga Netto, hoje o ministro da Defesa de Jair Bolsonaro. A intervenção não impediu o crime bárbaro em plena região central do Rio.
Até hoje, depois de várias trocas de comando da delegacia que investiga o caso e depois de o próprio Braga Netto ter prometido desvendar o crime sem sucesso, ainda não há pista sequer do que levou a vereadora a ser morta.
Jornalista, educadora e irmã da vereadora, Anielle Franco comanda atualmente o instituto que tem como missão manter vivo o legado de Marielle, figura que fazia um trabalho destacado pela ampliação da participação das mulheres pretas na política e pela defesa dos direitos humanos, dos direitos dos cidadãos de favela e também da população LGBTQI+.
Ao Radar, Anielle, diretora-executiva do instituto Marielle Franco, disse que a falta de resolução das investigações sobre o assassinato é fonte de muita dor para a família. Ela diz que o ciclo de violência política contra as mulheres no país ainda está longe de acabar.
“São quatro anos de luta de um crime bárbaro, um crime muito bem arquitetado, infelizmente. Foi um crime contra uma mulher negra, uma favelada, uma mãe. Uma mulher que trazia no seu corpo tantas lutas. A morte dela escancarou a fragilidade da democracia brasileira. Ela trouxe à tona a nossa fragilidade em resolver casos como esse que é muito emblemático para as mulheres negras e para todos os que votaram e acreditaram no projeto da Mari”, disse.
Anielle diz que a família não desistirá até descobrir o porquê de Marielle ter sido morta. “A gente acompanha as investigações com muita preocupação mas entendendo que a nossa esperança não pode acabar. A gente sente que tudo o que tem acontecido no país em relação à violência política contra as mulheres começou com o assassinato da Marielle. Tenho certeza que em algum momento a gente vai descobrir quem mandou matar a Marielle e porque”.