Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Mês dos Pais: Revista em casa por 7,50/semana
Imagem Blog

Por Trás dos Números

Por Renato Meirelles Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel

Entre a festa e o medo: como o assédio rouba o Carnaval das mulheres

27% dos brasileiros acreditam que uma mulher pulando Carnaval sozinha está disponível para ficar com alguém. Assédio precisa ser combatido por todos

Por Renato Meirelles 28 fev 2025, 18h11

O Carnaval é a grande festa da democracia brasileira: ruas lotadas, corpos livres, alegria transbordando por todos os lados. Porém, por trás da fantasia, do glitter e dos bloquinhos animados, se esconde uma realidade indigesta, especialmente para as mulheres: o medo do assédio. É como ir para uma festa prometendo diversão, mas sabendo que pode terminar em pesadelo.

A pesquisa que realizamos no Instituto Locomotiva sobre o carnaval é clara como água de coco no verão carioca: quase metade das brasileiras (45%) já passou por situações de assédio no Carnaval. São 38 milhões de mulheres que, em vez de apenas pularem ao ritmo do samba, precisam driblar cantadas invasivas e toques indesejados. E o medo é ainda mais comum: 8 em cada 10 mulheres temem ser assediadas durante a folia. Algo está errado nessa equação da alegria.

No Carnaval, muitos homens ainda agem como crianças que confundem fantasia com realidade, acreditando na falsa ideia de que “ninguém é de ninguém” ou que pouca roupa é um convite aberto. Nada mais equivocado! Imaginar que uma mulher sozinha ou com uma roupa curta está disponível é tão absurdo quanto achar que quem entra em uma padaria necessariamente quer pão francês. Não faz sentido algum.

O problema não está só no comportamento individual, mas na persistência de crenças antiquadas (e criminosas): 27% dos brasileiros ainda pensam que quem pula Carnaval sozinho está querendo companhia amorosa. Pior ainda são os 16% de homens que acreditam não haver problema em roubar um beijo de uma mulher bêbada e com pouca roupa. Essa lógica torta é como justificar um assalto porque a carteira estava visível: um absurdo completo.

Para fugir do assédio, muitas mulheres adotam estratégias de defesa que acabam roubando justamente aquilo que a festa deveria garantir: liberdade. Rotas alternativas, grupos grandes, horários restritos—tudo isso para tentar evitar algo que não deveria sequer existir. Transferir a responsabilidade do assédio para a vítima é como culpar o pedestre pelo atropelamento na faixa.

Continua após a publicidade

O respeito não pode ser sazonal nem depender de contexto: precisa ser regra fixa. O “não” precisa ser ouvido e respeitado em qualquer época do ano. Para que o Carnaval continue sendo um patrimônio cultural genuinamente democrático, é preciso mais do que purpurina e marchinhas divertidas. É urgente que a sociedade inteira, especialmente nós homens, assuma seu papel ativo contra o assédio, deixando de lado o discurso fácil e realmente mudando atitudes.

Neste Carnaval, vamos vestir fantasia, pular, cantar e celebrar a liberdade. Mas acima de tudo, lembrar que respeito é obrigatório e que sem ele, qualquer bloquinho é só mais um bloco furado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo Anual

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 4,00/mês
OFERTA MÊS DOS PAIS

Revista em Casa + Digital Completo Anual

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.

abrir rewarded popup