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Planeta IA

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Inteligência artificial, tecnologia e o que tudo isso muda na sua vida

A inteligência artificial vai roubar seu emprego?

Três em cada quatro profissionais brasileiros temem ser substituídos por máquinas — mas tudo vai depender da aceitabilidade social nas diferentes profissões

Por Alvaro Leme Atualizado em 7 abr 2025, 12h59 - Publicado em 7 abr 2025, 08h00

No longo prazo, todas as atividades profissionais que conhecemos poderão ser executadas por alguma modalidade de inteligência artificial. Mas, veja bem, longo prazo mesmo. Coisa de século 22, talvez. Isso não quer dizer que o caminho até lá será sem sobressaltos, como temos visto em diversos ramos em que a automação tem causado profundas transformações.

Escolhi estrear a coluna com este tema porque o medo de ser substituído por máquinas está entre as grandes preocupações de muitos brasileiros. Nada menos que três em cada quatro profissionais do país acreditam que perderão seu emprego para uma IA, segundo levantamento da Page Interim, subdivisão da empresa britânica de recursos humanos PageGroup. A pesquisa ouviu 5.354 trabalhadores da América Latina (participaram Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Panamá).

Mas esse receio é fundamentado? Depende da área em que se atua. Antes de qualquer coisa, é necessário pontuar que o fato de algo poder acontecer não quer dizer que efetivamente vá acontecer. Uma pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI) fala da ideia de aceitabilidade social da IA, relacionado ao caminho entre a invenção de algo que uma inteligência artificial seria capaz de executar e sua efetiva implementação. Incluem-se aí entraves de ordem técnica, como a quantidade de energia necessária e legislação de cada país, além de barreiras reputacionais e éticas, ligadas ao poder de negociação de determinados segmentos de trabalhadores ou à percepção do público.

Porém, o mesmo FMI divulgou que 40% dos empregos que conhecemos hoje estão ameaçados num futuro próximo. E aí? Nesse caso, vale a ressalva de outro estudo, este do MIT, divulgado cerca de um ano atrás, sobre a viabilidade econômica do uso da tecnologia. Não estamos (por enquanto) num cenário de automação total do trabalho. Você já deve ter lido mil vezes que a ameaça imediata engloba tarefas repetitivas com baixo nível de interação social. As do tipo cognitivo, não manual, cabe dizer. O que infelizmente inclui redação de textos e traduções, mas deixa de fora dobrar roupas. No meu podcast, Aprenda em 5 Minutos, falei com detalhes sobre profissões mais e menos ameaçadas.

Literacia generativa: aprender a usar a IA em seu favor é o melhor modo de evitar ser substituído por ela
Literacia generativa: aprender a usar a IA em seu favor é o melhor modo de evitar ser substituído por ela (Maria Korneeva/Getty Images)
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O debate sobre automação passa também pela ideia de que muitas profissões desaparecem, outras surgem e o equilíbrio se mantém. O tema, por si só, renderia outra coluna, então vou me limitar a citar o relatório Futuro dos Empregos do Fórum Econômico Mundial, que previu que até 2027 espera-se que 69 milhões de postos de trabalho sejam criados — ao passo que outros 89 milhões deixem de existir. Uma conta difícil de equilibrar.

A chave para o profissional que quer se manter relevante passa necessariamente por dois caminhos: o primeiro é integrar as ferramentas de IA à sua rotina de trabalho. Desenvolver o que chamei, num artigo publicado com a colega Egle Spinelli na revista científica Organicom, da Universidade de São Paulo, de literacia generativa. De modo resumido, ser capaz de assimilar a tecnologia e usá-la como um diferencial competitivo. Em outras palavras, a perspectiva de que é mais fácil ser substituído não por uma máquina, mas por um humano que faz uso dela melhor que você.

O segundo contempla a constante reinvenção, com foco no que a IA atualmente não faz com proficiência: ofícios que demandem pensamento crítico, inteligência emocional e soluções fora da caixa (perdão pelo clichê, que se fez necessário aqui, caro leitor). Diferentes autores, dos mais acadêmicos aos focados no mercado, apontaram recomeços profissionais e transições de carreira como uma realidade inevitável. Como disse o alemão Andreas Schleicher, diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): “No passado aprendíamos a fazer o trabalho. No futuro, aprender será o trabalho.”

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Alvaro Leme é doutorando e mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, jornalista e criador do podcast educativo Aprenda em 5 Minutos

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