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Pé na estrada

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Viajando com 30 km por litro: testamos o carro híbrido que poucos conhecem

Praticamente esquecido no saturado segmento, o Kia Niro tem design estiloso, bom rendimento e oferece conforto ao volante

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jul 2024, 14h16 - Publicado em 23 jul 2024, 11h46

Há um certo consenso entre os consumidores que no cenário atual os veículos híbridos representam o melhor dos dois mundos. Muitos ainda torcem o nariz para os modelos totalmente elétricos, dada a infraestrutura ainda insuficiente. Outros, mais tradicionais, não estão dispostos a abandonar de vez os motores à combustão. Mas no meio do caminho há híbridos, que oferecem tanto a praticidade do abastecimento com combustível convencional quanto a grande autonomia promovida pelo motor elétrico. Não à toa, é um dos segmentos mais concorridos do mercado atual. Há novidades, como o recém-anunciado BYD Song Pro, e outros, já mais conhecidos, como o Toyota Corolla Cross.

Nesse disputado setor, no entanto, há um carro que raramente ganha a mesma atenção, mas tem muito a entregar. Trata-se do Kia Niro, híbrido “de verdade” da montadora sul-coreana. Abaixo dele há o Stonic, híbrido leve e o modelo mais barato que a Kia oferece. Acima, há um Sportage, SUV médio que privilegia uma direção mais esportiva. O Niro é moderno, com bom espaço interno e um preço competitivo (custa R$ 200 mil na versão mais básica e R$ 225 mil na versão topo de linha, SX Prestige), além de oferecer um grande pacote de tecnologias de segurança. É um veículo mais premium que os modelos da Hyundai, por exemplo, que também integra o mesmo grupo da Kia.

Para testar o Niro na estrada, decidimos descer para o litoral de São Paulo. Com as temperaturas máximas passando dos 30°C em pleno inverno, dá para fazer a rápida viagem pela manhã, curtir a praia e voltar antes do anoitecer, quando os termômetros caem. Foi o que fizemos. Na descida, a ótima surpresa: graças ao sistema de regeneração da bateria promovida pelo motor à combustão, conseguimos fazer quase 30 km por litro de gasolina (já que o motor não é flex). Ou seja, dá para descer com 4 litros, ou pouco mais de R$ 20 reais (mais pedágios, é claro). Na subida, o consumo indicava 21 km/l, ótima média, dado o esforço maior para encarar a subida constante.

Com o Niro foi possível descer até o litoral de São Paulo fazendo quas 30 quilômetros por litro -
Com o Niro foi possível descer até o litoral de São Paulo fazendo quas 30 quilômetros por litro – (André Sollitto/VEJA)

Nos testes que fizemos, mesclando rotas urbanas e trechos em rodovias, o consumo ficou em torno de 19 km/l. É uma boa média. Com um tanque de 42 litros, a autonomia projetada é de mais de 800 quilômetros. Para quem gosta de viajar é um convite a explorar os destinos. Em uma breve ida ao Guarujá, por exemplo, um dos destinos favoritos dos paulistanos para botar o pé na areia, dá para curtir a praia, sair para almoçar em um dos tradicionais restaurantes de peixe na praia do Perequê, depois atravessar a cidade e caminhar no centro, perto de Pitangueiras. Depois, voltar para São Paulo, rodar a semana toda e fazer outro bate e volta no final de semana seguinte sem precisar abastecer o carro.

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Fica claro que o Niro é focado na economia e no conforto. Ou seja, não dá para esperar uma direção empolgante. Com um motor 1.6 de 141 cv de potência e 27 kgfm de torque, oferece boa dirigibilidade, mas sem performance. Tanto que a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 10,8 segundos. Mas isso é menos importante. Quem quer esportividade encontra outras opções na mesma faixa de preço.

Quem busca conforto, no entanto, será bem servido. Os bancos têm um design diferente, que inclui um cabine integrado, além de ajustes elétricos para o motorista, incluindo acertos para a lombar, que favorece uma boa posição de dirigir mesmo por períodos mais longos. O acabamento é caprichado, com várias superfícies suaves ao toque e uso de materiais reciclados. O espaço interno é bom mesmo para quem vai atrás, e o teto solar aumenta ainda mais a sensação de amplitude. O porta-malas, de 412 litros, é generoso.

Além disso, o Niro vem com um conjunto de tecnologias de assistência ao motorista (ADAS) interessante. Além de sensores de estacionamento e piloto automático adaptativo, tem assistente de prevenção de colisão frontal, colisão traseira em tráfego cruzado (na hora de dar ré ao sair de uma vaga, por exemplo), e por ponto cego. São tecnologias que fazem bastante diferença no dia a dia. No começo, para quem está acostumado a guiar um carro sem essas funções, o excesso de avisos pode até estranhar. Mas em pouco tempo elas são se tornam automáticas – e tornam a vida mais fácil e segura.

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Interiro do Kia Niro é espaçoso, com acabamento caprichado e bom pacote tecnológico -
Interiro do Kia Niro é espaçoso, com acabamento caprichado e bom pacote tecnológico – (Kia/Divulgação)

O design é outro ponto forte. As lanternas dianteiras nas laterais, a frente futurista, o desenho da traseira, a variedade de cores e a opção de receber o carro com a coluna C em outra cor fazem dele um modelo chamativo nas ruas.

Com tantos predicados, porque ele não vende mais? Em 2024, foram apenas 329 unidades vendidas em 2024 (até junho). Uma das explicações é a quantidade de opções disponíveis na mesma faixa de preço. O Song Plus e o Song Pro, ambos da BYD, são algumas das opções. O também chinês Haval H6, da GWM, é outra. Além disso, há uma percepção histórica de que os veículos da Kia têm maior desvalorização que outros semelhantes, e a dificuldade para encontrar peças de reposição é maior. Mas o Niro é uma opção interessante para quem pretende ficar com ele por mais tempo (aproveitando os cinco anos de garantia) e, dessa forma, diluir o efeito da desvalorização.

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