Quais são os últimos carros populares remanescentes no Brasil
Opções de veículos zero quilômetro com preço abaixo de R$ 90 mil são cada vez mais raras no mercado

Houve um tempo em que os carros mais vendidos do Brasil eram os chamados “populares“, modelos simples, mas eficientes, geralmente com baixo consumo de combustível, usados para o deslocamento diário. Eram baratos, sem tanto refinamento, mas cumpriam sua função.
Meu primeiro carro foi um Fiat Uno Vivace, o tal Novo Uno que deu o que falar quando chegou ao mercado, nos idos de 2010. Veio completinho, com quatro portas, direção hidráulica, ar-condicionado, vidros elétricos e um sistema de som com tocador de CD, equipamento absolutamente fundamental. Custou, em 2011, cerca de R$ 30 mil. Hoje, de acordo com a tabela Fipe, o mesmo modelo custa R$ 25 mil – 13 anos depois.
Não há mais nada parecido no mercado hoje. Os carros ficaram mais tecnológicos, é fato. Mesmo modelos mais simples já contam com centrais multimídia, assistências eletrônicas de subida em rampa, controle de tração e outros elementos fundamentais para a segurança.
A inflação teve papel na disparada dos preços. Durante a pandemia, a crise dos semicondutores empurrou o preço dos veículos zero km para um novo patamar, e a situação nunca mais voltou ao que era.
E, verdade seja dita, as próprias montadoras pararam de investir em carros mais básicos para focar seus esforços em modelos mais tecnológicos e refinados. Com a febre dos SUVs, o preço disparou. O carro mais vendido em vendas diretas (que não leva em conta os pedidos feitos por CNPJ) de 2024 foi o Hyundai Creta, utilitário que parte de R$ 142 mil.
Mas e aqueles que só querem um modelo simples para o deslocamento diário? Para esse público, as opções são cada vez mais restritas. Confira a lista completa dos atuais modelos considerados “populares“, ou seja, que custam menos de R$ 90 mil.
Fiat Mobi
O mais barato da lista, custa oficialmente R$ 75 mil, mas está, neste momento, em promoção no site da Fiat por R$ 64 mil. É completinho, com central multimídia de sete polegadas e uma série de assistências eletrônicas. Mas é apertado e com um porta-malas minúsculo de 200 litros (para efeito de comparação, meu antigo Uno tinha 280 litros de capacidade). Na versão Trekking, com alguns elementos adicionais, custa R$ 78 mil (ou R$ 72, na promoção). Somente manual, com o antigo motor 1.0 Fire de 74 cv.
Renault Kwid
O outro subcompacto do mercado brasileiro que disputa com o Mobi o posto de carro mais barato da atualidade. A versão mais simples, Zen, custa R$ 76 mil. Mas para ter alguns itens adicionais, como câmera de ré e central multimídia, é preciso optar pela Intense, que custa R$ 79 mil. Todas as versões são apenas manuais.
Citroën C3
Na estratégia da Stellantis, a Citroën vem sendo posicionada como uma montadora de veículos mais acessíveis. E o mais barato de todos é o C3, compacto moderno que parte de R$ 77.590. A versão Zen, mais simples, no entanto, não vem nem com central multimídia. Para quem quer uma lista mais recheada de equipamentos, é preciso optar por versões mais caras, como a Live, de R$ 85.380, ou a Feel, de R$ 88.290.
Renault Stepway 1.0
O Stepway (lembra do Sandero?) já foi um carro competitivo. Mas hoje está defasado. Custa R$ 87 mil na versão única, Zen, que deve sair de linha em breve. Não é à toa, já que os subcompactos oferecem uma lista de equipamentos mais generosa por preços menores.
Fiat Argo
O Argo só entra na lista nas versões mais simples – e ainda assim, por pouco. Tanto a Endurance, com motor Firefly 1.3, quanto a 1.0 custam R$ 89.900. A lista de equipamentos é menor – e não inclui a central multimídia, encontrada apenas nas versões que passam de R$ 90 mil.
Outros modelos que vendem bem, como o Volkswagen Polo, especialmente na versão Track, o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix, passam facilmente da barreira dos R$ 90 mil.