Ferrari em ação: os bastidores da equipe italiana nas 6 Horas de SP
Na etapa brasileira do Campeonato Mundial de Endurance da FIA, acompanhamos a equipe italiana de perto

Com o ronco simultâneo dos motores de 36 carros, começa a disputa das 6 Horas de São Paulo. Momentos antes, o grid de largada estava tomado por fãs, pilotos e jornalistas, que viam de perto os veículos que disputaram a tradicional prova de Endurance. Mais cedo, enquanto as equipes posicionavam os carros e faziam os ajustes finais, outra multidão de espectadores passeava pelos boxes, tirando fotos e pegando autógrafos dos pilotos. É um clima caótico antes de uma etapa importante da competição.
Por isso, quando os dois hipercarros da Ferrari (os protótipos usados exclusivamente no Campeonato de Endurance da FIA) finalmente largam, o clima no box da escuderia é de atenção, mas também de tranquilidade. A equipe fica com os olhos grudados nos monitores que mostram a posição dos pilotos e os tempos de cada volta, além da transmissão da corrida. Cada carro tem seu próprio time de técnicos, que acompanham também os índices em tempo real. No rádio da equipe, os pilotos se comunicam com todos que estão dentro do box. O que dizem é segredo restrito aos profissionais que usam a roupa vermelha da equipe, mas falam do funcionamento do carro ou compartilham estratégias.

A Ferrari chegou ao Autódromo de Interlagos após uma vitória fundamental nas 24 Horas de Le Mans, na França – a maior e mais tradicional da categoria. O carro de número #83 acabou na primeira posição após a maratona, marcando a terceira vitória consecutiva e a 12ª conquista da Ferrari na prova. A escuderia também se saiu bem nas etapas anteriores do Mundial de Endurance, com a primeira posição no Catar, na Itália e na Bélgica. Em São Paulo, no entanto, apenas o número #83 largou no Top10.
Quando um dos carros da equipe precisa fazer um pit stop, todos se movimentam com naturalidade e rapidez. O Ferrari 499P, o hipercarro italiano usado na competição, encosta no box e é cercado pelos técnicos, que limpam o vidro, tiram o excesso de borracha preso entre o pneu e a carroceria e abastecem o veículo. Depois do abastecimento, os pneus são trocados com velocidade. Em alguns casos, o piloto também é substituído – afinal, são três condutores por carro, que se revezam ao longo das seis horas. Em menos de 50 segundos, o carro sai acelerando rumo à saída dos boxes e de volta à corrida.
As corridas de Endurance envolvem estratégia, foco e paciência. Ao longo de seis horas, os carros dão mais de 200 voltas, e é preciso calcular o desgaste dos pneus, quando fazer a troca, qual o momento ideal para parar no box. As trocas de piloto, a hora de atacar um rival e tentar a ultrapassagem, tudo isso é discutido o tempo todo. Manter um carro rodando a mais de 200 km/h por tanto tempo exige muito de todos os envolvidos. Problemas técnicos e incidentes acontecem, mas podem prejudicar o planejamento de semanas. São testes de resistência que despertam a curiosidade do público.
E a empolgação dos fãs presentes – que cresceram 15% em relação ao ano passado, quando as 6 Horas de São Paulo voltaram a acontecer após um hiato de 10 anos – ajudou a mostrar o apelo dos eventos de Endurance, que testam a resistência dos carros, mas também das das equipes.

Nos últimos minutos, todos no box da Ferrari já sabem que a vitória não veio. Enquanto os pilotos aparecem na TV dentro dos carros, dando volta após volta em Interlagos, os técnicos não recebem o mesmo holofote, mas desempenharam um papel fundamental ao longo das últimas seis horas – e muitas mais nos dias e semanas anteriores. Também fazem seu pit-stop, como quando tomam um café retirado da enorme caixa de cápsulas da L’Or, patrocinadora oficial da equipe. E também vibram com cada conquista. Todos se cumprimentam, sabendo que fizeram o trabalho da melhor forma. Afinal, a Ferrari mantém a liderança no campeonato de construtores. Agora, é hora de traçar a estratégia para as próximas etapas. A próxima parada é em Austin, no Texas.