Desvalorização de elétricos: como empresas chinesas driblam o problema
Programas de recompra garantida prometem pagar até 80% do valor da tabela Fipe, mas é preciso entregar o veículo em perfeitas condições
Para uma parcela dos motoristas, um dos grandes empecilhos para a adoção dos carros elétricos em larga escala é a desvalorização acima da média do mercado. Estudos recentes apontam que alguns modelos podem desvalorizar até 47% em dois anos. Uma reportagem recente da revista Quatro Rodas mostrou que o BYD Dolphin, por exemplo, teve desvalorização de 9,63% entre julho de 2023 e julho de 2024.
Para tentar driblar o problema, as duas principais montadoras chinesas focadas em veículos eletrificados que atuam no Brasil, a BYD e a GWM, anunciaram planos de recompra garantida como forma de garantir parte do valor pago no modelo zero quilômetro.
A GWM anunciou um programa que garante aos novos compradores a possibilidade de recompra de qualquer modelo seminovo da montadora com até 2 anos de uso por, no mínimo, 80% do valor da tabela Fipe. Por enquanto, essa condição específica não tem data para terminar.
A BYD também tem um programa semelhante. A empresa também garante até 80% do valor da tabela Fipe dos usados na troca por um novo modelo da marca, de categoria igual ou superior. O programa não vale para veículos blindados. A princípio, o programa vale apenas até o dia 31 de dezembro deste ano.
Para ter direito às condições especiais, o carro deve estar em perfeito estado, sem danos na lataria, nos vidros ou em qualquer componente interno. É preciso ficar atento também aos limites de quilometragem: 48 mil, com média de mil quilômetros rodados por mês. Também não vale usar nenhuma peça paralela, e todas as revisões devem ser feitas em concessionárias da marca.
A GWM também exige que os carros estejam em ótimo estado, e todas as manutenções devem, obrigatoriamente, ter sido feitas nas concessionárias. A recompra vale para o 24º mês após a compra.
O que fica claro é que se trata de uma tentativa de incentivar os futuros compradores a dar uma chance aos elétricos. Mesmo assim, a desvalorização elevada é inevitável. Não apenas pelo fato de que a recompra prevê apenas 80% do valor da tabela (em carros à combustão, é comum ver promoções que prometem pagar o valor total), mas pela série de exigências, bem mais rígidas que para modelos não eletrificados.