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Pé na estrada

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Viagens de carro para quem ama o caminho tanto quanto o destino

Como a região da Campanha Gaúcha está despontando na produção de vinhos

Na primeira reportagem de uma série especial sobre a Campanha Gaúcha, viajamos de Porto Alegre a Bagé para conhecer as características da região

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 fev 2025, 16h35 - Publicado em 21 fev 2025, 12h03

O caminho até a cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, é longo. Depois de sair de São Paulo em um voo com destino ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ainda foi preciso embarcar em uma van e rodar por quase cinco horas para percorrer cerca de 400 quilômetros. Na BR-290, o tráfego é intenso e ultrapassar os caminhões carregados é uma tarefa que exige atenção. A rodovia não é duplicada e está em obras há muito tempo. Em determinado momento, pegamos a BR-153 e rumamos para o sul. 

Nosso destino é a Campanha Gaúcha, região quase na fronteira do Brasil com o Uruguai que se estende de Bagé até Uruguaiana, a oeste. Passa por vários outros municípios, como Dom Pedrito e Santana do Livramento. É hoje a segunda maior região produtora de vinhos finos do Brasil, atrás apenas da Serra Gaúcha

O Pé na Estrada percorreu 1682 quilômetros em cinco dias explorando a produção vitivinícola na Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, região que tem despontado pela qualidade de seus rótulos e por sua riqueza cultural e ambiental. Em uma série especial de reportagens, vamos apresentar personagens, locais e histórias da região fronteiriça e de seus bons vinhos. Na primeira, um panorama sobre o que torna a Campanha Gaúcha tão especial para a elaboração da bebida.

Seguindo viagem, já quase em Bagé, a paisagem muda. As plantações de soja na beira da estrada dão lugar a campos verdes com pouco relevo. O gado aparece à distância. Estamos no Pampa, o bioma que ocupa pouco mais de 60% do território do estado gaúcho. É uma terra de grande riqueza natural e cultural, onde tradições são mantidas e há uma forte sensação de identidade.

Vinhedo da região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul
Vinhedo da região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul (André Sollitto/VEJA)
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É, também, uma região que concentra alguns dos maiores e mais antigos vinhedos ainda produtivos do Brasil. Por muito tempo, no entanto, ficou conhecida justamente pela escala de sua produção, e não necessariamente pela qualidade. O que é uma injustiça, já que as condições climáticas são ideais para a produção de bons vinhos.

No mundo do vinho, é de conhecimento geral que há uma faixa considerada ideal para a produção da bebida. Ela fica entre os paralelos 30 e 50, sul e norte. Não à toa, países com grande tradição no mercado, como França, Portugal, Itália, Espanha, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia estão exatamente nessa região ideal. 

Aqui, na América do Sul, essa faixa passa por Chile, Argentina, Uruguai e um pequeno pedaço do Brasil, justamente na região fronteiriça. A Serra Gaúcha, por exemplo, está no paralelo 29. A Campanha, por outro lado, está localizada entre os paralelos 29 e 32 Sul, e tem condições bem melhores. As estações são bem definidas, com verões de muito calor e pouca chuva e invernos rigorosos. Os solos basálticos, de boa drenagem, ajudam a garantir a saúde das videiras. Por conta da baixa umidade, há menos risco de pragas e doenças. 

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Igreja Matriz de São Sebastião, em Bagé, na região da Campanha Gaúcha
Igreja Matriz de São Sebastião, em Bagé, na região da Campanha Gaúcha (André Sollitto/VEJA)

O cenário vem mudando nas últimas duas décadas. Os produtores locais passaram a priorizar a qualidade e investir em tecnologias. O processo é longo, e os resultados começam a ser percebidos agora. Em 2020, por exemplo, foi criada uma IP, ou Indicação de Procedência, um selo que certifica a origem dos vinhos, desde que algumas regras sejam cumpridas. É um reconhecimento importante, que ajuda a dar identidade ao vinho e valoriza a produção da região. 

O avanço é notável, mas há desafios. As vinícolas da região estão elaborando programas de enoturismo, mas a infraestrutura local é complexa. As distâncias são grandes e faltam voos. De Porto Alegre, onde descemos, são quase cinco horas até Bagé. Há outros aeroportos mais próximos, como o de Pelotas, mas a quantidade de voos é pequena. Isso pode desanimar viajantes menos aventureiros.

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Prédios históricos da cidade de Bagé: região já foi muito rica, mas algumas das estruturas mostram falta de conservação
Prédios históricos da cidade de Bagé: região já foi muito rica, mas algumas das estruturas mostram falta de conservação (André Sollitto/VEJA)

A cidade de Bagé, por exemplo, é charmosa, com prédios históricos como a Prefeitura e a Igreja Matriz. Mas a infraestrutura de hotelaria não é tão grande. O novo Bah Hotel, por exemplo, é uma das alternativas modernas e bem equipadas. Mas dificilmente daria conta, sozinho, de um volume grande de turistas. Esse é um dilema que o setor do vinho precisará contornar.

É um cenário complexo, mas fascinante, em que a tecnologia e as tradições andam lado a lado. E que tem muito a mostrar.

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