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Paris é uma Festa

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Histórias da cidade olímpica fora das arenas
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Luxo, poder e muita peruca: conheça o Palácio de Versalhes

Antiga morada do Rei Sol, o palco das competições de hipismo, que começam neste sábado 27, ditava moda e modos na Europa

Por Monica Weinberg, de Paris
27 jul 2024, 13h42

Por um século, o Palácio de Versalhes, que o rei Luís XIV (1638-1715) mandou erguer ao custo de metade do PIB anual da França, era a expressão da megalomania do proprietário, um homem cheio de extravagâncias que elevou o conceito de monarquia absolutista a um patamar jamais visitado antes. Foi para se livrar da ebulição de Paris, onde vivia no Louvre, hoje o museu que guarda um pouco de cada capítulo da saga humana, que ele entrou numa carruagem carregando suas 300 perucas e criou seu próprio universo, a 25 quilômetros de distância. Adorava cavalos e tinha um estábulo para 600 deles.

Pela história e pelo espaço de que dispõe, Versalhes é o palco na Olimpíada das provas de hipismo (salto, cross country e adestramento), que dão a largada neste sábado 27 e vão até 6 de agosto. Também o pentatlo será disputado nos antigos domínios dos três Luíses – o XV e o XVI foram outros que usufruíram sem freios daquelas faustosas dependências.

Com 700 quartos, o edifício, um perfeito exemplar do barroco, alojou o primeiro estado centralizado da Europa no sentido mais literal do termo. Morada do rei e sede do poder da França ao mesmo tempo, ministros e conselheiros transitavam por ali sob o controle do monarca, que queria ver sua grandeza refletida nos mínimos detalhes.

O DONO DO PEDAÇO

Depois de se autointitular Rei Sol e proclamar que “o Estado sou eu”, Luís XIV espalhou pelo palácio imagens variadas de Apolo, o deus grego que justamente representa a estrela central do sistema solar. Nos portentosos jardins arquitetados por André Le Nôtre, que viria a ganhar fama e ser paisagista disputado, fica a Carruagem de Apolo, recauchutada para os Jogos, soberana e agora mais brilhosa no meio da fonte em frente ao prédio principal do complexo.

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Naquele tempo, que ingressou para os livros de história como o gran siècle, um século glorioso para a França, havia 18 milhões de pessoas sob o reinado de Luís (na monarquia inglesa eram 5,5 milhões), um símbolo da gastança desenfreada sustentada por uma economia a toda no país que era à época o mais poderoso da Europa. Pelo continente, quando se falava “o rei” todos sabiam se tratar do soberano francês.

Os outros ambicionavam um palácio como Versalhes. Todos queriam aprender francês e também copiar as roupas, os arranjos de cabelo, os modos à mesa, o teatro e a música que se produzia naquele quinhão perdulário do planeta. As famosas perucas de Luís, que ele trocava várias vezes por dia, eram imitadas não só em solo europeu, mas até nas Américas.

ADEUS, VIDA BOA

Ao sair de cena, após espantosos 72 anos de trono, um recorde em vigor até hoje, o cetro foi passado para seu bisneto, Luís XV, que nem de longe exercia o mesmo fascínio ou medo. Ainda por cima, a França perdia força e enfrentou rebeliões – um mar de insatisfações que culminaria numa das mais conhecidas viradas de página da história, a Revolução Francesa.

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Foi na vez de Luís XVI, casado com a austríaca Maria Antonieta, a quem se atribui a folclórica frase “Se o povo não tem pão, que comam brioches”, que o palácio caiu. Parece que a rainha nunca proferiu essas palavras, uma fake news que resistiu firme à passagem do tempo, mas ela traduz muito bem o espírito que dominava Versalhes, onde a nobreza, alheia à pobreza que grassava fora de lá, se via refletida na esplendorosa Sala dos Espelhos (a mesma onde o Tratado de Versalhes foi assinado, em 1919, depois da Primeira Guerra, sacramentando a derrota alemã).

O destino de Luís XVI e Maria Antonieta é conhecido. Eles penaram uns tempos na prisão, mas ambos acabaram na guilhotina. Naquele 1789, Versalhes foi saqueado pelo povo revoltoso e, só dez anos mais tarde, seria reformado por Napoleão Bonaparte, que morou ali e, como os outros, também se revestiu de poderes ditatoriais. Um quadro que repousa em uma das infinitas paredes resume bem como ele se via. Na tela de Jacques-Louis David, o general coloca sobre a própria cabeça uma coroa e se faz imperador (uma igual, só que de melhor qualidade, pode ser vista no Louvre).

Em 1837, Versalhes virou museu e um dos cartões-postais mais visitados da França. Agora, recebe tribunas para as quase 20 000 pessoas que assistirão às provas de hipismo perto do Grande Canal (por que visitar Veneza?). Quando os Jogos se encerrarem, tudo será desmontado e voltará ao que era antes. E a rotina voltará a Versalhes, o prédio-símbolo de um tempo dominado por contradições, caprichos e muitas perucas.

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