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O Som e a Fúria

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O inferno astral de Ed Sheeran, o astro sensível do pop

Enquanto exorcizava traumas pessoais em novo álbum, o inglês enfrentou uma acusação de plágio e até ameaçou abandonar a música

Por Gabriela Caputo Atualizado em 4 jun 2024, 10h44 - Publicado em 7 Maio 2023, 08h00

A popularidade do inglês Ed Sheeran é fácil de medir. Aos 32 anos e com cinco álbuns de estúdio, ele liderou diversas vezes o ranking de artistas mais ouvidos do mundo no Spotify, com bilhões de reproduções de suas faixas. No balanço da última década, o cantor se estabeleceu como o segundo artista mais popular da plataforma, atrás apenas do rap­per Drake. Neste ano, encostou nos recordes de Elvis Presley e dos Beatles no quesito maior número de canções a alcançar o topo das paradas britânicas.

Mas nem tudo são flores para o simpático ruivo: Sheeran enfrenta um inferno astral longo. Às vésperas do lançamento do novo disco, Subtract, que chega às lojas e plataformas nesta sexta, 5, ele passou boa parte das duas últimas semanas nos tribunais. Ele respondia a uma acusação de plágio pelo espólio de Ed Townsend, coautor do hit dos anos 1970 Let’s Get It On, imortalizado na voz de Marvin Gaye. Segundo a queixa, Sheeran teria copiado elementos da canção na faixa Thinking Out Loud, de 2014. Durante as audiências em Nova York, Sheeran até pegou no violão para demonstrar como se dá seu processo de criação, na tentativa de provar sua inocência. No ano passado, o cantor venceu uma outra acusação de plágio vinda de dois compositores pouco conhecidos em torno da música Shape of You. Agora, Sheeran sentiu a pressão de ser acusado por um nome de peso — e sugeriu de forma dramática que, se condenado, abandonaria a música, algo difícil de acreditar. Na quinta, 4, acabou saindo vitorioso: o júri decidiu que o astro não cometeu plágio.

Ed Sheeran: Uma jornada visual

Por mais incrível que pareça, o imbróglio não era o mais assustador de seus monstros: uma série de dramas o acometeu recentemente e foi exorcizada por ele no novo álbum, o mais introspectivo e sombrio de sua carreira. No ano passado, Sheeran perdeu o melhor amigo, Jamal Edwards, empresário que o ajudou a lançar sua carreira, morto aos 31 anos de overdose acidental. Na época, a situa­ção em casa era complicada: Cherry Seaborn, amiga de infância e esposa do cantor há quatro anos, havia descoberto um tumor — mas não podia ser operada enquanto não desse à luz à segunda filha do casal. O luto e o trauma alimentaram o vício de Sheeran por álcool. Ao buscar ajuda, pôde reconhecer uma depressão que se alojava em sua vida há tempos. Confessou também ter tido problemas com drogas e com sua autoimagem quando ficou famoso. O uso de substâncias era visto com naturalidade, e a pressão estética ao se perceber rodeado por “galãs” da indústria levou o britânico a desenvolver transtornos alimentares.

Ed Sheeran – Subtract: Piano/Vocal/Guitar Songbook

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Sheeran vem de uma leva de artistas masculinos, como Justin Bieber e Shawn Mendes, que, em vez de esconder as dores enfrentadas nos bastidores, prefere falar abertamente sobre suas batalhas emocionais. Se antes ele já era conhecido como um rapaz sensível, o novo álbum promete acentuar essa fama — e aumentar os recordes que ele já acumula. Mesmo no fogo cruzado, Sheeran é uma máquina de hits pop — não importa o que digam os tribunais.

* A versão on-line da matéria foi atualizada para incluir o veredicto do processo de plágio, divulgado após o fechamento da edição.

Publicado em VEJA de 10 de maio de 2023, edição nº 2840

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