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O Som e a Fúria

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Morre Tony Bennett, aos 96 anos, uma das maiores vozes da música americana

Com uma impecável carreira de 70 anos, Bennett ganhou 20 prêmios Grammy; em 2009, fez uma bem-sucedida turnê no Brasil

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2024, 00h09 - Publicado em 21 jul 2023, 09h44

O cantor Tony Bennett, um dos ícones da música americana, morreu aos 96 anos nesta sexta-feira, 21. A informação foi confirmada por sua empresária, Sylvia Weiner. O músico havia sido diagnosticado com Alzheimer em 2016. Em uma reveladora entrevista em 2021, para a revista da AARP, a Associação dos Aposentados dos Estados Unidos, sua esposa, Susan Bennett, disse que o músico, mesmo após a doença, continuou a fazer shows. Segundo ela, quando cantava, os sintomas da doença desapareciam.

Anthony Dominick Benedetto nasceu em Nova York em 3 de agosto de 1926, filho de imigrantes italianos. Começou a cantar ainda na juventude, mas interrompeu a carreira para lutar na Europa, nos meses finais da II Guerra Mundial. Ele estava entre as tropas que libertaram o campo de concentração de Landsberg. Ao final da guerra, cantou em bandas do exército durante a ocupação dos Estados Unidos na Alemanha. De volta aos Estados Unidos, em 1964, dedicou-se à música, nos primeiros anos como cantor de jazz e nos anos seguintes como crooner de standards americanos. Na juventude, chegou a ser comparado a Frank Sinatra, mas, orientado por Mitch Miller, produtor de seu primeiro grande sucesso, Because of You, Bennett evitou imitar Sinatra e desenvolveu um estilo próprio.

Apesar do Alzheimer no final da vida, Bennett teve uma carreira de incontestável sucesso mundial. Nos últimos anos, embalou uma bem-sucedida parceria com a cantora Lady Gaga. Juntos, gravaram dois álbuns de duetos, em 2014 e 2021. Em 2016, ele fez sua última apresentação pública, com Gaga, no Radio City Music Hall, em Nova York, em um show intitulado One Last Time. Em 2009, Bennett realizou uma exitosa turnê pelo Brasil, com shows em Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília.

Em seus 70 anos de carreira, ele se notabilizou por sua consistência, gravando os grandes clássicos do cancioneiro popular americano, em composições de Cole Porter, Gershwin, Duke Ellington, Hammerstein e outros. Bennett se notabilizou também por resistir ao sucesso do rock’n’roll, insistindo em continuar gravando apenas grandes canções americanas. O auge de seu estrelato ocorreu em 1962, quando lançou sua canção mais conhecida, I Left My Heart in San Francisco. Nos anos 70, com a popularização do rock, o músico ficou menos popular.

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O renascimento de sua carreira ocorreu em 1985, quando os CDs começaram a substituir os vinis. Em 1993, ele gravou o álbum Unplugged, da MTV, em que gravava duetos com artistas jovens, como k.d. lang e Elvis Costello, o que lhe rendeu um Grammy e o reconectou com um público mais jovem.

Bennett também ficou conhecido por sua atuação política. Ele participou da marcha pelos direitos civis de Selma a Montgomery, em 1965, por exemplo. Cantou para Nelson Mandela na África do Sul e para presidentes dos Estados Unidos, como John Kennedy e Bill Clinton, além de apresentações no jubileu do 50º aniversário da rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham.

Ao todo, ganhou 20 prêmios Grammy. Os primeiros, logo em 1963, por San Francisco, e os últimos, com o álbum Love for Sale, com Lady Gaga, em 2022. Ao longo da vida, Bennett vendeu mais de 60 milhões de discos. Na vida privada, apesar de alguns percalços, ele manteve uma história quase sem polêmicas.

 

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