João Carlos Martins celebra 60 anos de seu 1º concerto no Carnegie Hall
Maestro se apresenta neste sábado no icônico teatro de Nova York. Na véspera, ele fará uma palestra na OMS sobre a doença que prejudicou suas mãos
Aos 82 anos, o maestro João Carlos Martins celebrará neste sábado, 19, no icônico palco do Carnegie Hall, em Nova York, os 60 anos da sua primeira apresentação no local. O músico é o artista brasileiro que mais vezes se apresentou por lá, um dos grandes templos da música clássica do mundo. Sua estreia ocorreu em 1962, mesmo ano em que a bossa Nnova também desembarcava nos Estados Unidos. Na época, a apresentação do maestro, patrocinada pela ex-primeira dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, foi seguida de uma elogiosa crítica no jornal The New York Times, que disse que a técnica do maestro “enviava fogos de artifício em todas as direções”.
Na véspera, na sexta-feira, 18, o maestro fará uma palestra sobre o distúrbio que lhe causa contrações involuntárias – e dolorosas – nos dedos da mãos, chamado de distonia focal. A palestra vai ocorrer na sede da Organização Mundial da Saúde. Ao todo, o maestro se submeteu a 25 cirurgias para tratar da doença, que é rara. A palestra contará com vários neurologistas do mundo. “Convivo com essa doença há 64 anos. A distonia focal é uma ‘prima’ da doença de Parkinson e ela atinge muito os músicos. Aprendi a driblar meu cérebro porque os movimentos involuntários começam depois que estou muito tempo ativo. Então, eu chego no camarim horas antes e durmo. Só acordo 15 minutos antes do concerto e com o cérebro limpo”, contou.
O problema com os movimentos, no entanto, pioraram após uma das cirurgias deixar a mão direita do músico totalmente inútil e, anos depois, também a mão esquerda. Para não se afastar do piano, ele se dedicou a regência. Nos últimos anos, no entanto, uma solução simples e barata possibilitou que o maestro pudesse voltar a tocar, após ele ter sido apresentado a um protótipo de luvas biônicas feitas pelo designer Ubiratan Bizarro da Costa. A luva, com hastes de aço, funciona como molas e ajudam os dedos a voltarem para o lugar após Martins tocar as teclas. Antes, as mãos ficavam sempre fechadas. “Eu não tocava com as duas mãos há mais de 20 anos”, disse o maestro, que agora, graças a solução paliativa das luvas, consegue tocar algumas peças.