Guitarrista do Incubus fala a VEJA: ‘Ouço muito Blackpink e Taylor Swift’
Banda californiana fez nova passagem pelo Brasil, com shows em Curitiba e São Paulo

Na ativa desde 1991, a banda americana Incubus ainda arrasta multidões do público fã de indie rock, como no show — de ingressos esgotados — realizado na noite de quinta-feira, 10, no Espaço Unimed, em São Paulo. Com a turnê que celebra o relançamento do disco Morning View, de 2001, o grupo que mistura rock alternativo e pop radiofônico tocou o álbum na íntegra, com coro da plateia no hit Wish You Were Here, além de outros hits como o clássico incontornável Drive, e ainda introduziu trechos da música Umbrella de Rihanna durante a apresentação de Under My Umbrella.
Em entrevista a VEJA, Mike Einziger, 48, guitarrista e um dos fundadores do Incubus, falou sobre o diferencial do público brasileiro, da regravação de Morning View e do segredo para manter o fôlego após quase 35 anos de estrada com a banda nascida em Calabasas, Califórnia. Além de Mike, o Incubus hoje é formado pelo vocalista Brandon Boyd, a baixista Nicole Row (que se juntou à banda em 2023), o baterista Jose Pasillas (bateria) e o DJ Kilmore. Confira a entrevista na íntegra:
O Incubus já esteve aqui no Brasil algumas vezes, inclusive no Rock in Rio do ano passado, e agora retornou para shows em Curitiba e São Paulo. O que os atrai ao público brasileiro? Quer dizer, não existe público mais enérgico que o público brasileiro. Adoramos tocar aqui. Já faz muito tempo que estivemos em São Paulo. Pensando bem, nem lembro em que ano foi a última vez que tocamos aqui, eu teria que pesquisar, mas ficamos muito animados com essa nova passagem, e estamos honrados com os shows esgotados, e felizes só por poder vir aqui em 2025 e fazer esses grandes shows. É muito divertido.
A banda tem muitos fãs que estão com vocês desde o início. Por que acha que esse amor pela música de vocês vem perdurando por décadas? Não sei a resposta para isso. Acho que os fãs conseguiriam responder a uma pergunta como essa melhor do que eu, porque eu não ouço música da mesma forma que eles. Mas me sinto muito sortudo e muito honrado que as pessoas realmente se conectem com a música dessa forma, e que ainda estejam tão conectadas à nossa música décadas depois. Isso é algo muito difícil de conquistar e não sei como acontece, mas estou muito grato por isso.
O Incubus está na estrada há quase 35 anos, fazendo shows pelo mundo inteiro, especialmente com essa turnê da regravação do álbum Morning View. Qual o segredo para manter a energia para acompanhar essa agenda tão agitada? Acho que o que estamos fazendo, shows em vários lugares, é inerentemente divertido. E o fato de ser divertido é o que nos permite continuar fazendo isso por tanto tempo. Ainda é um divertimento, embora já façamos isso há tanto tempo. E olha que estamos muito mais velhos agora e todos estão cansados, mas tudo bem. Tudo vale a pena. Amamos muito tocar nossas músicas juntos, essas canções que escrevemos para pessoas que querem ouvi-las. Isso é uma coisa divertida de se fazer, então, somos sortudos por podermos continuar fazendo isso.

Como vê a cena do indie rock hoje? Mudou muito desde o início de sua carreira? A música se transformou muito. O que os jovens estão fazendo agora é realmente diferente. As ferramentas que eles possuem, a tecnologia que têm acesso, as mídias sociais, todas essas outras coisas, nada disso existia quando éramos jovens e começamos a música. Então, como a cena indie mudou? Não sei. Sinceramente, não presto muito atenção à música indie.
Por que? A única música a que realmente me exponho é aquela que minhas filhas gêmeas de sete anos ouvem, então Blackpink e Taylor Swift. Elas amam as garotas do Blackpink, são obcecadas por elas. E há tanta música por aí. É impressionante a quantidade de música que existe no mundo, então é impossível acompanhar tudo, por isso não consigo prestar atenção, mas fico feliz que tantos jovens estejam inspirados a fazer música. O mundo da música ao vivo é maior do que nunca.
Como foi a experiência de regravar o Morning View depois de 20 anos? Foi um exercício divertido e fácil regravar todas as músicas. Foi como visitar velhos amigos. E, então, com uma nova integrante da banda, a Nicole Row, que está conosco há quase dois anos. Foi um processo muito divertido. Não foi estressante nem nada parecido. Nós apenas nos divertimos fazendo isso. Deveríamos fazer isso com todos os nossos álbuns.
O que acha que mudou em você como pessoa e como artista nesses 20 anos, desde o primeiro Morning View até esta regravação? Bem, eu definitivamente envelheci muito. E acho que algumas coisas aconteceram ao longo dos anos. Acho que se torna um desafio diferente reinventar o que estamos fazendo a cada ano que passa. Então, eu acho que isso fica mais desafiador quanto mais você avança na carreira como banda. Mas, ao mesmo tempo, meu apreço pelo que conquistamos no início de nossa carreira, me faz me sentir muito agradecido. Eu simplesmente sinto que tenho uma perspectiva totalmente diferente agora do que tinha naquela época.
Como, por exemplo? Tudo parecia muito lógico para mim quando eu era mais jovem. Mas agora percebo que, como ser humano mais velho e mais experiente, havia muitas coisas que não estavam sob nosso controle. Tantas coisas tiveram que se alinhar para que tudo corresse como aconteceu. E estou muito grato por isso ter acontecido e por estar aqui em 2025, tocando música para esse grande público. E feliz que as pessoas realmente se conectaram com a nossa música.
