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O Som e a Fúria

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Documentário mostra como a CIA usou o jazz em golpe de estado na África

Indicado ao Oscar, 'Trilha Sonora para um golpe de estado' mostra a ação dos EUA na República Democrática do Congo

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jan 2025, 08h00

A República Democrática do Congo, país africano de 102,3 milhões habitantes, viveu no final do século XIX e início do século XX, uma das maiores violências da história, quando era possessão pessoal do rei da Bélgica, Leopoldo II, e a partir de 1908, quando se tornou uma colônia do país europeu. Quando o Congo conseguiu finalmente a independência, em 30 de junho de 1960, os habitantes do país se viram envolvidos em outra disputa de forças entre os Estados Unidos e a União Soviética, que levou a uma sangrenta guerra civil. Os americanos não queriam que o país caísse nas mãos dos comunistas, especialmente porque a região de Katanga, no Congo, foi uma das maiores fornecedores de urânio para os EUA durante a Segunda Guerra Mundial, responsável pela matéria-prima da produção das bombas atômicas que devastaram Hiroshima e Nagasaki, no Japão.

A história da independência do país é usada como pano de fundo para o excelente documentário Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado, indicado ao Oscar de melhor documentário deste ano, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 30, com distribuição da Pandora Filmes. Dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, o filme parte de um protesto dos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, que invadiram o Conselho de Segurança da ONU para denunciarem o assassinato de Patrice Lumumba, em 1961, político anti-imperialista e defensor do pan-africanismo, escolhido como o primeiro primeiro-ministro do país.

Lumumba, que era apoiado pela Rússia, foi assassinado por apoiadores de Mobuto Sese Seko, com o auxílio da CIA. Mobuto depois renomeou o país para Zaire e o governou com mão-de-ferro por mais de 20 anos, até ser deposto e fugir para o exílio. O país, então, voltaria a ser chamado de Congo. Essa impressionante história, no entanto, não é contada de maneira linear ou óbvia no documentário.

Cartaz do documentário 'Trilha Sonora para um golpe de estado', indicado ao Oscar
Cartaz do documentário ‘Trilha Sonora para um golpe de estado’, indicado ao Oscar (//Divulgação)

Com depoimentos de gênios do jazz, como Louis Armstrong, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, John Coltrane, Abbey Lincoln, Max Roach, Nina Simone, o documentário mostra como a diplomacia americana usou esses artistas negros – sem eles saberem – como parte de um processo de expansão cultural americana durante a Guerra Fria, infiltrando agentes entre os seguranças desses artistas para espionar o que se passava nesses lugares. Há até um caso em que o avião que transportou a equipe para o show histórico de Armstrong no Congo teria sido usado como cavalo de troia para retirar urânio do Congo.

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Enquanto isso, nos Estados Unidos, os negros americanos enfrentavam a segregação racial e a violência. Boa parte do documentário mostra os bastidores da reunião do Conselho de Segurança da ONU que enviou tropas para o Congo. Em um discurso histórico de Nikita Khrushchov na ONU, ele denuncia os Estados Unidos como um país racista onde os negros são linchados.

Emoldurando todo esse cenário caótico está o jazz. Em uma criativa montagem e edição de Rik Chaubet, cenas dos shows dos principais nomes do jazz surgem para ilustrar os eventos no Congo. No começo, o ritmo é mais tranquilo, com astros do bepop. Conforme a situação vai se tornando tensa, o ritmo se altera para o free jazz, numa mistura entre música e política hipnotizante. Infelizmente, mesmo após 50 anos, a violência ainda é uma realidade no país. Nesta semana, por exemplo, o exército enfrentou rebeldes de um grupo armado intitulado M23 nas ruas da capital Kinshasa, com o governo apelando ao Conselho de Segurança da ONU por soluções.

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