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O exemplo de Felipe Neto precisa ser imitado pelas celebridades

Ninguém seria trouxa de agir como o Felipe Neto, certo? Errado, e é por isso que a internet está cheia de masturbações desautorizadas

Por Maicon Tenfen 26 jul 2018, 09h02

Ainda que pareça estranho aos menores de 18 anos, a internet e as redes sociais são ferramentas recentíssimas no mundo das comunicações. Em termos históricos, é como se tivessem nascido no fim da semana passada e se popularizado apenas na tarde de ontem. Todo mundo tem esse brinquedinho nas mãos, mas ninguém — e “ninguém” é o termo — teve tempo ou paciência para ler o manual de instruções (ele existe?). Falar em democratização da informação só pode soar como piada num ambiente que foi selvagemente tomado por preconceito, ignorância, fake news e nudes de celebridades.

Ah, sim, os nudes! O que leva uma pessoa a registrar a intimidade em imagens que podem ser replicadas com a simplicidade de um clic? Bem, essa não é a pergunta correta a fazer. Desde Freud sabemos que as motivações sexuais são estranhas e quase sempre incompreensíveis. Além do mais, essa pergunta transforma o exibicionismo digital numa aberração distante da “normalidade” de um cotidiano supostamente isento da vergonha e da zombaria generalizada. Ninguém seria trouxa de agir como o Felipe Neto, certo? Errado, e é por isso que a internet está cheia de masturbações desautorizadas.

Se existe uma pergunta certa a fazer, ela está relacionada à perda do senso de realidade no momento da excitação. Você já praticou o onanismo diante de uma câmera? Não precisa responder, mas, se um dia fizer isso, otário, dê um jeito de se manter anônimo. E você, moça bonita, já mandou nudes para o celular do namorado? Namoros terminam todos os dias, alguns de forma drástica, e muitos ex-namorados são vingativos. Em vez de deletarem as fotos, fazem questão de enviá-las a todos os que trabalham ou estudam com você. “Mas ele era tão bom, gostava tanto de mim!” Pobrezinha. Ou não mande fotos, ou não mostre o rosto. De novo: NÃO MOSTRE O ROSTO.

Mas até aqui tudo bem. Bobo ou não, o ato de mandar nudes implica uma decisão privada e um risco pessoal. Não há muito o que fazer quando a bomba explode, a não ser culpar a baixeza dos seres humanos, a mais antiga e inútil das lamentações. O grande problema são as emboscadas, as armadilhas, as pegadinhas que montam para filmar a intimidade das pessoas — como se estivessem cometendo um crime! — e a partir daí chantageá-las ou expô-las pelo simples prazer de assistir à desgraça alheia. Pode acontecer com qualquer um ou qualquer uma. Não há lei, processo ou indenização capaz de compensar o vexame.

O que fazer quanto a isso? Talvez pudéssemos adotar a fórmula empregada nos lavatórios dos antigos internatos. Quando percebiam que os estudantes, na hora do banho, tentavam espiar-se uns aos outros, os educadores mandavam remover as portas dos chuveiros privativos para deixar todos em pé de igualdade, nus, vendo e sendo vistos. Vai daí que, quanto mais fotos e vídeos íntimos forem publicados nas redes sociais, menos os vazamentos causarão assombro. E é por isso, celebridades, que o exemplo do Felipe Neto deve ser imitado. A salvação dos comuns está nas mãos de vocês, com e sem trocadilho.

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