Dos símbolos pátrios, o hino nacional é, sem dúvida, o que mais emociona. Por não ser inanimado, por ser música.
E é considerado um dos mais bonitos do mundo, como comprova a repercussão de sua execução por Paulinho da Viola na abertura das Olimpíadas de 2016 no Rio.
Isto posto, vale refletir sobre a banalização de seu uso – desde qualquer manifestação de araque até o mais desimportante jogo de futebol, no mais longínquo município, em uma utilização herética de símbolo maior.
Ao contrário do que possivelmente pensem alguns, não é o volume de execuções do hino, ou sua audição em todo e qualquer evento que aumentará o patriotismo do brasileiro. Antes, será a qualidade do feito ou evento e o sentimento ao cantá-lo – coisas intrínsecas.
A revalorização do hino nacional passa por esse filtro, que o devolva à condição de uma obra capaz de elevar o espírito, saudar realizações e vitórias com dimensão, que estejam à altura de tal trilha sonora.
Querelas à parte – porque há certamente divergências quanto ao comentário -, se prevalecesse o critério seletivo, poderíamos mesmo pensar em alguma ordem do mérito do hino nacional, como uma comenda séria entre tantas distribuídas politicamente por aí.
Mas, acima de tudo, talvez em pouco tempo se criasse a expressão “vale o hino”, assim como a clássica “vale a pena”, quando se quer reforçar o apreço ou investimento em alguém ou algo.
Nos tempos atuais, quem “vale o hino”, em circunstâncias em que é tão decisivo o espírito patriótico de união e solidariedade? Quantos e quais poderiam merecer o comentário “Fulano vale o hino”?
Claro, vai polarizar de novo. Mas vale o hino provocar a reflexão.
João Bosco Rabello escreve no https://capitalpolitico.com/