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Roraima serve de palanque à campanha de Trump à reeleição

Servidão política

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 18 nov 2020, 19h57 - Publicado em 19 set 2020, 08h00

E se tivesse sido o contrário? Imagine Hillary Clinton presidente dos Estados Unidos, depois de ter derrotado há dois anos Donald Trump, e agora candidata à reeleição.

Imagine que ela despachasse seu Secretário de Estado para algum país vizinho ao Brasil, e que, de lá, ele atacasse o governo de Jair Bolsonaro e pregasse a sua derrubada. Que lhe pareceria?

Uma intervenção indébita em assuntos internos do Brasil? Uma prova da submissão ao governo americano do país que serviu de palanque ao emissário de Hillary?

O eleitorado latino nos Estados Unidos é forte. E conquistá-lo, uma das metas de qualquer candidato a presidente, ainda mais numa eleição disputada voto a voto.

Bolsonaro concordou que o Secretário de Estado Mike Pompeo usasse Roraima como set de filmagem para espinafrar o governo venezuelano de Nicolás Maduro, do outro lado da fronteira.

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E Pompeo, ocupado em ajudar Trump a se reeleger, não se fez de rogado. Chamou Maduro de “traficante de drogas”. E lembrou que havia uma recompensa milionária para quem o prendesse.

Ao lado do embaixador Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores do Brasil, Pompeo renovou o compromisso do seu governo com a queda por qualquer meio do regime Maduro.

Roraima abriga o maior campo de refugiados venezuelanos do continente. Só no Brasil são quase oito mil. A Flórida, Estado-chave na equação eleitoral americana, é um reduto de latinos.

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Nos primeiros meses do governo Bolsonaro, sob pressão americana, até falou-se levianamente por aqui de uma possível invasão da Venezuela. O Brasil carece de poderio militar para isso.

Bolsonaro fez o que estava ao seu alcance à época. Apoiou o deputado Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela, e deslocou tropas para a fronteira.

Encenou-se uma invasão que jamais aconteceu. De lá para cá, Guaidó perdeu força e a oposição ao governo Maduro dividiu-se. Deverá participar das próximas eleições ao invés de sabotá-las

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, protestou contra a visita de Pompeo. “O Brasil deve preservar a estabilidade de fronteiras e o convívio pacífico com os países vizinhos”, disse. E acrescentou:

– A visita do Secretário de Estado americano não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa.

Um dia antes da visita de Pompeo, o governo brasileiro havia pedido à comunidade internacional que não apoiasse as eleições legislativas venezuelanas marcadas para daqui a três meses.

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