A morte da vereadora no Rio foi uma execução
A quem interessava a morte de Marielle?
Na rua Honório, bairro do Cachambi, na Zona Norte do Rio, Claudio Henrique Costa Pinto, 43 anos, empresário do ramo de transporte, foi morto com quatro tiros ontem à noite por volta das 21h. Morreu na frente do filho de cinco anos de idade. Perseguidos pela polícia, os criminosos fugiram para a comunidade do Jacaré.
Quase à mesma hora, a vereadora Marielle Franco (PSOL), 38 anos, foi morta na rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, também na Zona Norte, atingida por cinco tiros na cabeça. O motorista do carro que a levava morreu porque estava na linha dos tiros. Uma assessora da vereadora escapou com ferimentos de estilhaços de vidros.
Os assassinos de Costa Pinto tentaram rendê-lo antes de matá-lo. Os da vereadora, a quinta mais votada nas eleições municipais de 2016, emparelharam seu carro com o dela e simplesmente dispararam. Segundo a polícia, tudo leva a crer que eles sabiam a posição de Marielle dentro do carro. Foi nela que atiraram.
Costa Pinto foi vítima de um assalto comum. Na rua onde acabou morto, rota de fuga de bandidos, há uma média de quatro assaltos diários. Marielle foi vítima de uma execução. A investigação sobre sua morte poderá começar por uma pergunta: a quem interessava matá-la, e por quê? Por ser mulher e negra? Improvável.
Por ser uma ativista política que denunciava assassinatos em comunidades pobres da cidade e que os atribuía à ação da polícia e das milícias? É o mais provável. Na semana passada, ela denunciara a morte de dois jovens na favela de Acari e abusos cometidos por integrantes do 41º batalhão da Polícia Militar.
Na véspera de ser morta, em sua página do Facebook, escreveu: “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”. Ela também criticava a intervenção federal no Rio.