Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Tropeços diplomáticos

O pragmatismo não pode perder de vista princípios fundamentais

Por Murillo de Aragão 17 ago 2024, 08h00

Há tempos a diplomacia brasileira não vive bons momentos. Dentro do Itamaraty, persiste um clima de cizânia que vem desde o início do século. Nos tempos de Bolsonaro, padecemos com a gestão confusa de Ernesto Araújo, que, em seus delírios, propôs uma aliança cristã com os Estados Unidos e a Rússia. Criticou, ainda, o globalismo e afirmou que “fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”.

No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma série de viagens internacionais, visitando 24 países em todos os continentes, exceto a Oceania. Enquanto conseguiu reposicionar a diplomacia brasileira no cenário global após o turbulento período bolsonarista, também acumulou declarações controversas e discursos ambíguos, que geraram desgastes tanto nas relações internacionais quanto no plano doméstico.

Mais recentemente, tivemos erros e acertos que caracterizam tempos de tropeços e sinais confusos. O Brasil tem sido leniente com o Hamas, que é um grupo terrorista, em sua cruzada contra Israel, assim como foi com a Venezuela em sua marcha rumo a uma ditadura populista. Ao mesmo tempo, adotou medidas pragmáticas e coerentes com nossa tradição ao criticar a perseguição aos bispos católicos na Nicarágua, governo sandinista que guarda algumas semelhanças ideológicas com o petismo.

“Tanto no bolsonarismo quanto no lulismo vimos as políticas ideológicas contaminando as políticas de Estado”

No entanto, tanto no bolsonarismo quanto no lulismo vimos as políticas ideológicas contaminando as políticas de Estado. Quando as políticas de governo interferem nas políticas de Estado, diversos efeitos negativos podem comprometer a estabilidade, a eficiência e a continuidade das ações de um país. A situação é ainda agravada pelo fato inédito de que a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) aprovou, pela primeira vez na história da entidade, um indicativo de greve, devido a questões salariais e de carreira. Seria vergonhoso para o país termos uma greve de diplomatas às vésperas da Cúpula do G20.

Continua após a publicidade

Como abordei em minha coluna passada, os sinais dos tempos não são bons. O mundo está sendo desafiado pela profusão de conflitos e potenciais confrontos que se anunciam. Nossa diplomacia ajudou o Brasil a navegar por três guerras de dimensões imensas no século passado: as duas guerras mundiais e a Guerra Fria, entre Estados Unidos e União Soviética.

O pragmatismo sempre esteve no cerne da diplomacia brasileira, pautando-se por uma postura equilibrada e focada na obtenção de resultados que atendam aos interesses nacionais. Essa abordagem, ao longo da história, permitiu ao Brasil manter relações diplomáticas construtivas com países de diferentes orientações ideológicas e econômicas, priorizando o diálogo, a cooperação mútua e o respeito à soberania dos Estados.

É nesse pragmatismo que devemos ancorar nossas agendas internacionais, buscando consolidar o Brasil como um ator relevante no cenário global. O pragmatismo diplomático, no entanto, exige também a capacidade de adaptação às dinâmicas globais em constante transformação, sem jamais perder de vista os princípios fundamentais que regem nossa política externa: a defesa da paz, o respeito à soberania dos povos e a promoção dos direitos humanos.

Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2024, edição nº 2906

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.