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Murillo de Aragão

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Geopolítica do pragmatismo

O momento exige responsabilidade institucional de todos os poderes

Por Murillo de Aragão Atualizado em 25 jul 2025, 14h45 - Publicado em 25 jul 2025, 06h00

No âmbito interno, o governo Lula 3 acirrou deliberadamente o conflito institucional com o Legislativo, utilizando o STF ao seu lado para pressionar sistematicamente o Congresso Nacional. A questão do IOF, recentemente decidida pelo ministro Alexandre de Moraes, exemplifica claramente essa estratégia de instrumentalização do Judiciário para fins políticos.

No Judiciário, o ativismo tem se manifestado com vigor, não apenas em questões de interesse do governo, como no caso do IOF, mas também na esfera política. Destaca-se a condução controversa dos julgamentos dos envolvidos na tragédia golpista de 8 de janeiro de 2023 e do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O problema se agrava substancialmente quando a própria oposição bolsonarista se coloca em modo de negação sistemática sobre todas as conspirações e movimentos que resultaram em ameaças diretas a ministros do STF, na baderna no dia da diplomação de Lula, na tentativa de explosão de caminhão-tanque no aeroporto de Brasília e no vandalismo de 8 de janeiro.

No âmbito externo, a política diplomática brasileira abandonou o pragmatismo histórico, adotando alinhamento ideológico perigoso. Para além das questões comerciais, aproximou-se do Brics e foi utilizada como boi de piranha no tema da moeda única.

A crise diplomática recente com os Estados Unidos oferece exemplo paradigmático dos custos de abandonar o pragmatismo em favor de posições ideológicas. Desde que Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA em janeiro, Lula adotou discurso confrontativo desnecessário contra Washington.

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“Houve intenção deliberada do governo de adotar política sistemática de confronto com os Estados Unidos”

A deterioração das relações não surgiu do vazio. Houve intenção deliberada do governo brasileiro de adotar política sistemática de confronto. O governo Lula acumulou posições que desagradaram ao governo americano: proposta de moeda única no Brics, regulação das redes sociais, recusa em reconhecer organizações criminosas como terroristas, apoio unilateral à causa palestina, negligência na Tríplice Fronteira e proximidade com a Venezuela.

Ter divergências ideológicas não deve nortear a política externa brasileira. O Vietnã, país duramente atacado pelos Estados Unidos e de regime comunista, negocia pragmaticamente com Trump sem alarde desnecessário. O Brasil, tradicionalmente não alinhado, não deve confrontar grandes potências nem parceiros comerciais estratégicos.

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O governo deve analisar criticamente suas fragilidades antes de embarcar em narrativas agressivas motivadas apenas por cálculos eleitorais de curto prazo. A política externa não pode ser refém de estratégias partidárias quando os interesses nacionais estão em jogo.

O Judiciário deve exercer contenção prudente, mesmo mantendo independência institucional. Em um cenário já pressionado pela conjuntura interna e externa, ações que possam tumultuar ainda mais o ambiente político devem ser cuidadosamente avaliadas.

O momento exige responsabilidade institucional de todos os poderes. Somente através do equilíbrio entre independência e prudência, combinado com diplomacia pragmática, o Brasil navegará pelos desafios geopolíticos do momento preservando seus interesses fundamentais.

Publicado em VEJA de 25 de julho de 2025, edição nº 2954

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