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Murillo de Aragão

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A política do confronto

A conciliação entre adversários não é métrica de sucesso no país

Por Murillo de Aragão Atualizado em 17 out 2025, 12h05 - Publicado em 17 out 2025, 06h00

No Brasil, o mundo político se alimenta da crise para ter protagonismo e, sobretudo, ter adversários para culpá-los. A conciliação entre adversários não é métrica de sucesso em nosso país. Não há, na história da redemocratização, muitos gestos de conciliação entre adversários políticos em favor do país, mesmo em momentos de dificuldades.

Basta olhar o breve retrospecto de conflitos deste semestre: a invasão da Mesa da Câmara por bolsonaristas radicais, a manobra da oposição para tomar o controle da CPMI do INSS e o arquivamento da MP 1303. Quadro que evidencia um conflito institucional que paralisa o Brasil e adia o enfrentamento de temas de interesse crítico para o país. Mesmo atolados em desafios, governo e setores da oposição agem como se não houvesse amanhã e mantém uma retórica de confronto institucional alimentada pelo ciclo eleitoral.

Na semana que se encerra, a situação ganhou novos contornos. Lula, embalado pela melhora na aprovação e pela reabertura de diálogo com os Estados Unidos, abriu o verbo. Disparou um torpedo político contra o Congresso, afirmando que o Parlamento “nunca teve a qualidade de baixo nível que tem agora”, referindo-se às bancadas de extrema direita como “o que existe de pior”. Pior ainda, fez esses ataques na frente de Hugo Motta, presidente da Câmara, que reagiu com elegância diante da afronta. Atacar o Congresso rende aplausos fáceis. Difícil é fazer gestão política eficiente.

“Já é hora de Lula apresentar sua versão ‘paz e amor’, aproveitando a popularidade para construir pontes”

Os ataques ao Legislativo seguem uma lógica clara: o governo precisa de inimigos e explora o fato de que a instituição é mal avaliada pela opinião pública. Mas essa estratégia carrega riscos históricos — governantes que escalaram conflitos com o Congresso, como Jânio Quadros, João Goulart, Fernando Collor e Dilma Rousseff, acabaram derrotados ou muito desgastados. Lula, pela popularidade que tem, não corre risco de impeachment. Mas o custo político de viver em permanente confronto pode se tornar muito alto — em especial na eleição.

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A prudência indica que não é estratégico “tocar fogo no parquinho”. Primeiro, pela evidente dependência do Executivo de projetos de lei em tramitação no Congresso. Segundo, vetos presidenciais podem ser derrubados em retaliação. Além da existência de uma agenda interna de medidas em discussão. A popular isenção do IR para quem ganha até 5 000 reais ainda não foi aprovada. A Lei de Diretrizes Orçamentárias não foi votada, atrasando o Orçamento da União. O desafio aumenta ainda pois Lula ganhou um abacaxi para descascar: aprovar o seu indicado para o STF em um Senado crescentemente hostil e com comando fragilizado.

Já é tempo de Lula apresentar sua versão “paz e amor”, aproveitando o “ventinho a favor” em termos de popularidade para construir pontes — não para dinamitá-las. No ano que vem, as eleições não serão decididas pelo eleitorado de esquerda que mal chega a 30% do total. Lula precisará não apenas do verbo para manter a esquerda unida, mas da moderação para ganhar votos de outros segmentos.

Obviamente, fazer uma análise crítica de um político que ganhou três vezes as eleições presidenciais e caminha para uma nova disputa como favorito é arriscado. Ele sabe o que faz. Mas não tenho dúvidas de que estaria mais bem posicionado se mantivesse uma gestão política mais pragmática e uma narrativa menos agressiva.

Publicado em VEJA de 17 de outubro de 2025, edição nº 2966

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