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A liberdade e seus inimigos

Em meio ao surto de 'fake news', desconfiar é fundamental

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 13h36 - Publicado em 19 fev 2021, 06h00

Muitos pensam que as conquistas da democracia são elementos dados. Mas a liberdade, algumas vezes até outorgada em fatias, não está consolidada. Longe de ser perfeita e de estar finalizada como projeto, a democracia corre riscos diários.

No Brasil, os inimigos da liberdade estão em todos os cantos, incrustados em quase todos os aparelhos ideológicos e, obviamente, em suas expressões partidárias. Estão também na sociedade civil, onde são movidos pelos interesses supostamente associados ao bem comum, fantasiados de “melhores intenções”.

A sociedade contemporânea, como já disse o filósofo francês Jean-François Revel, move-se pela mentira. Se o autoritarismo imperial não precisava se justificar, na sociedade contemporânea as narrativas precisam ter fundamento para se manter. Daí a importância da máquina da comunicação para figuras como Lenin, Hitler, Stalin, Castro, Chávez, entre outros, que mentiam a granel.

Tendo a mentira como base, os inimigos da liberdade se organizam e se espalham pela nação. Quem são? Como atuam? Grosso modo, os principais inimigos da liberdade estão entranhados na sociedade e expressados em comportamentos políticos e culturais por meio das mídias, das redes sociais e nas narrativas políticas. São tantos que gastaríamos muitas páginas para descrevê-los. Vamos mencionar alguns.

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“O autoritarismo moldou o Brasil, um país em que o Estado se tornou mais poderoso que a sociedade”

O corporativismo, como a ação de defesa radical do interesse individual em detrimento do coletivo, é um dos mais poderosos inimigos da liberdade. Pelo simples fato de que submete a sociedade, pelo controle do Estado, aos seus interesses específicos. O filhotismo, na política e no Judiciário, também se revela um poderoso inimigo da liberdade, ao submeter o funcionamento da política e dos tribunais aos laços de família e à troca de favores.

O esquerdismo, doença infantil derivada do marxismo, é outro inimigo da liberdade que se infiltrou de forma profunda na formação da opinião no país. O esquerdismo impôs uma agenda, supostamente politicamente correta, que corrói a individualidade e busca tutelar a sociedade.

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O autoritarismo, tema que abordei em outros textos, é uma herança colonial em que o poderoso esmaga o menor a partir do abuso de poder, do patrimonialismo e da corrupção. O autoritarismo moldou o Brasil, cujo Estado é mais poderoso que a sociedade, o que se revela diariamente nas relações com uma cidadania subalterna.

Como combater os inimigos da liberdade? Aldous Huxley, em 1958, apontava a superpopulação, lavagem cerebral, propaganda, burocracia e a tecnologia, entre outros, como potenciais adversários da liberdade. Porém, o maior adversário da liberdade é a falta de educação e de discernimento.

A defesa da liberdade começa por identificar quem a destrói e quais comportamentos adota. Quase sempre os inimigos apresentam narrativas populistas, “nacionaleiras”, paternalistas, intervencionistas e, até mesmo, politicamente corretas. Em meio à pandemia de fake news e interpretações distorcidas, desconfiar de quem muito promete é fundamental, tendo em mente o que disse o político irlandês do século XVIII, John Philpot Curran: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”.

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Publicado em VEJA de 24 de fevereiro de 2021, edição nº 2726

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