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Murillo de Aragão

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A escalada da violência

O medo move votos e dá tração a discursos de autoridade

Por Murillo de Aragão Atualizado em 7 nov 2025, 12h11 - Publicado em 7 nov 2025, 06h00

A operação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio, reacendeu o debate sobre o peso da segurança na política. O episódio recolocou a violência no centro da agenda nacional. Depois de anos dominados por economia, custo de vida e polarização, o medo voltou. Parcela expressiva do eleitorado aponta a violência como principal problema. O tema ressurge porque atravessa o cotidiano e reordena prioridades eleitorais.

Há discrepância notável entre indicadores e percepção. Embora os dados indiquem leve queda de homicídios recentemente, a sensação de insegurança se espalha. O eleitor não consulta relatórios: vê arrastões no bairro, teme o ponto de ônibus e assiste a criminosos armados na TV e nas redes. O medo move votos e dá tração a discursos de autoridade.

Isso expõe a vulnerabilidade do governo Lula. No Rio, pesquisa pós-ope­ração registrou 60% de avaliação negativa e 18% positiva para a atuação federal na área. Nacionalmente, a mesma fonte aponta a segurança como a maior aflição do eleitor. O problema também é de comunicação: o governo oscila entre condenar operações letais e reconhecer a gravidade do crime organizado. A ambivalência transmite hesitação. Em segurança, o eleitor cobra coerência e comando.

“O governo oscila entre condenar operações letais e reconhecer a gravidade do crime organizado”

O tema atinge de forma particular três segmentos decisivos: os mais velhos, que valorizam ordem e previsibilidade; as periferias urbanas, onde a violência é cotidiana e a ausência de serviços em razão do domínio de facções gera demanda por autoridade e apoio a ações duras; e os conservadores, sensíveis à pauta da “lei e ordem”, cujo discurso hoje ecoa entre moderados cansados da insegurança.

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Mais que ideologia, o debate se organiza por atitudes diante do crime. Há maioria que apoia medidas firmes dentro da lei; segmento menor que defende tolerância zero e confronto direto; e minoria que prioriza abordagens garantistas e preventivas, centradas em políticas sociais e redução da letalidade policial. Os tamanhos variam, mas o pêndulo tem se deslocado para respostas mais assertivas do Estado.

Pesquisa da More in Common/Quaest mostra que 54% dos brasileiros formam “maioria invisível” — composta de 27% de “desengajados” e 27% de “cautelosos” — que não se identifica com extremos ideológicos, enquanto apenas 10% da população está dividida entre “progressistas militantes” e “patriotas indignados”. Essa maioria silenciosa, ignorada pelo debate político, não se preocupa com batalhas ideológicas abstratas, mas com questões práticas e imediatas: emprego, saúde, segurança e custo de vida.

O fenômeno explica o crescente apoio a políticas de “law and order” mesmo entre eleitores sem identificação ideológica clara. Quando a violência se torna problema cotidiano, a resposta do eleitorado é pragmática, não ideológica — querem soluções que funcionem, independentemente de rótulos políticos. Essa realidade desmente a narrativa de Brasil dividido em duas torcidas e revela que o sucesso eleitoral em 2026 dependerá menos de mobilizar bases ideológicas e mais de oferecer respostas concretas ao medo que paralisa a maioria invisível. É a massa de brasileiros desengajados do debate polarizado, mas profundamente afetados pela insegurança, que decidirá os rumos da política.

Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2025, edição nº 2969

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